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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER CASO QUEIRA CRITICAR O CALVINISMO

Alguns conceitos são básicos e necessários para que um crítico do calvinismo possa executar essa crítica com eficácia, são eles:

– Causa primária: aquilo que gera o primeiro movimento a movimentar o segundo. No calvinismo, Deus é a causa primeira e a causa primária de todos os movimentos que existem, tudo que não é Deus, é causa secundária, e é movida de acordo com sua natureza a fim de produzirem seus próprios movimentos.

– Causa secundária: aquilo que é movido, e não pode ser imóvel, mas sempre depende da causa primeira, ou seja, Deus. A causa segunda é movida de acordo com a natureza que ela já tem, por exemplo, um lenhador que corta uma árvore com um machado, o lenhador é a causa primeira, e o machado a causa segunda, o lenhado move, mas é a natureza afiada do machado que corta. A bíblia fala que Deus usa os ímpios como um machado, como vara, serra, bastão, para sua obra (Is 10.15,26; 13.5), também fala do oleiro e o barro.

– Movimento: toda mudança é um movimento e deve ser movido anteriormente, pois nada passa da potência para o ato senão por um ser em ato.

– Potência: capacidade de receber e de dar, a capacidade de receber é a potência passiva, que é a potência das causas secundárias. Potência ativa é a potência de Deus, sempre dá, e nada recebe, por isso mesmo Deus é um “actus irreceptus”.

– Ato: é a perfeição da potência, é quando a potência deixa de ser uma simples capacidade e passa a existir de fato, por exemplo, hoje Jair Bolsonaro é um presidente em potência, ou seja, ele é um candidato podendo ser presidente, quando o mesmo for presidente, ele estará em ato, pois agora não tem mais a capacidade de ser presidente somente, mas já é presidente.

– Gerar perfeição: significa dizer que algo se aperfeiçoou, ou seja, passou da potência para o ato, como para passar da potência para o ato alguém ou algo recebe algo que não tinha antes, então ele se aperfeiçoou. Toda perfeição é uma mudança e toda mudança é um movimento.

– Concurso: parte da doutrina da providência que explica como Deus coopera com as criaturas, eu gosto de definir como sendo a explicação de como a causa primária se relaciona com as causas secundárias no governo divino.

– Concurso prévio: esse é o concurso defendido pelos calvinistas. Para os calvinistas tudo que se movimenta deve ser movido por outro, concurso é prévio, físico, particular, especifico e imediato. Nesse concurso Deus é sempre determinante, nunca determinado. Deus incita e previamente move as criaturas à ação, e guia à elaboração de uma coisa particular.

– Concurso simultâneo indiferente: defendido por molinistas. Defende que o mover de Deus é simultânea a do homem, não havendo mover anterior no homem, mas os dois autodeterminados se movem em igualmente como causas parciais. Deus coopera com os homens como duas pessoas remando dentro de uma embarcação, como causas parciais da vontade e totais no efeito. Nesse concurso é a criatura que determina o rumo do decreto, não Deus.

– Concurso moral: opera à maneira de uma causa moral, isto é, persuadindo, ou dissuadindo, ou propondo, ou removendo os objetos e ocasiões. Esse concurso é usado por agostinianos, arminianos e molinistas na ocasião da ação da graça previniente. Deus apenas influencia, mas não age eficazmente a promover um efeito certo em seu influxo na criatura.

– Concurso imediato: também defendido por calvinistas, é a influencia direta de Deus sobre a criatura, sem mediador, como a água que refresca uma mão.

– Concurso mediato: quando se age não pelo poder que lhe é próprio ou inerente, mas recebido e emprestado de outra fonte. Esse concurso é defendido pelos durandistas.

CONCLUSÃO

Digo com toda certeza, se o estudante ou teólogo não domina esses termos ou esses conceitos, em hipótese alguma, poderá formular uma crítica efetiva ao sistema teológico calvinista, melhor não tentar.

Por Francisco Tourinho

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