Didaqué
Introdução
Didaqué significa “instrução” ou “doutrina”. Trata-se de um escrito que data de fins do Séc. I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento. O nome “Instrução dos Doze Apóstolos” lembra At 2,42 (“o ensinamento dos apóstolos”), mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles ou seja de um só autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a Palestina ou a Síria.
A Didaqué é um manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O autor (ou autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.
O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da IgrejaPrimitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos bíblicos em vista de suas necessidades e situações.
A leitura da Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em «apóstolos, profetas e mestres”, dando a impressão de que eram propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades. Por outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à iniciação cristã – batismo, confissão, eucaristia e parecem ser todos administrados pela comunidade, e não por um membro do clero,ainda inexistente.
Visível, contudo, do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade
estruturalmente pagã. A preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heróica no caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo sua vocação e missão no mundo.
A Didaqué é um convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra de Deus e pela oração. Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar toda a sociedade.
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DIDAQUE
INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS
Instrução do Senhor para as nações, por meio dos doze apóstolos
Traduzido para o português a partir do texto (em inglês) de
J. B. Lightfoot, Athena Data Products, 1990.
A. OS DOIS CAMINHOS
Capítulo 1
1- Existem dois caminhos: um é o caminho da vida, e outro, o da morte. A diferença entre os dois é grande.
Viver é amar
2 – O caminho da vida é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em segundo lugar, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça a outro nada daquilo que você não quer que façam a você.
3 – O ensinamento que deriva dessas palavras é o seguinte: Bendigam aqueles que os amaldiçoam e rezem por seus, inimigos, e ainda jejuem por aqueles que os perseguem. Com efeito, se vocês amam aqueles que os amam, que graça vocês merecem? Os pagãos não fazem o mesmo? Quanto a vocês, amem aqueles que os odeiam, e vocês não terão nenhum inimigo.
A violência do amor
4 – Não se deixe levar pelos impulsos instintivos. Se alguém lhe dá uma bofetada na face direita, ofereça-lhe também a outra face, e você será perfeito. Se alguém o força a acompanhá-lo pelo espaço de um quilômetro, acompanhe-o por dois; se alguém tira o seu manto, entregue-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que pertence a você, não a peça de volta, pois você não poderá fizer isso.
O amor de partilha
5 – Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado inocente. Aí de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o que fez; e dai não sairá até que tenha devolvido o último centavo.
6 – A esse respeito, também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba para quem a está dando.
Exigências do amor ao próximo
Capítulo 2
1 – O segundo mandamento da instrução é este:
2 – Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido.
3 – Não cobice os bens do próximo, não jure falso, nem preste falso testemunho. Não seja maledicente, nem vingativo.
4 – Não seja duplo no pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal.
5 – Que a sua palavra não seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática.
6 – Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
7 – Não odeie a ninguém, mas corrija uns, reze por outros, e ainda ame aos outros, mais do que a si mesmo.
As raízes do mal e do bem
Capítulo 3
1 – Meu filho, procure evitar tudo o que é mau e tudo o que se pareça
com o mal.
2 – Não seja colérico, porque a ira conduz para a morte. Também não seja ciumento, nem briguento ou violento, porque os homicídios nascem de todas essas coisas.
3 – Meu filho, não seja cobiçoso de mulheres, porque a cobiça leva à fornicação. Evite falar obscenidades e olhar com malícia, pois os adultérios surgem de todas essas coisas.
4 – Meu filho, não seja dado à adivinhação, pois a adivinhação leva à idolatria. Também não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém a idolatria.
5 – Meu filho, não seja mentiroso, porque a mentira leva ao roubo. Não seja ávido de dinheiro, nem cobice a fama, porque os roubos nascem de todas essas coisas.
6 – Meu filho, não seja murmurador, porque a murmuração leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa, pois as blasfêmias nascem de todas essas coisas,
7 – Seja manso, porque os mansos receberão a terra como herança.
8 – Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranqüilo e bom, respeitando sempre as palavras que você tiver ouvido.
9 – Não se engrandeça a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os “grandes”, mas converse com os justos e pobres.
10 – Aceite como boas as coisas que lhe acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de Deus.
A pessoa inserida na comunidade
Capítulo 4
1 – Meu filho, lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você e honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é anunciada a soberania do Senhor.
2 – Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis, para encontrar apoio nas palavras deles.
3 – Não provoque divisão. Pelo contrário, reconcilie aqueles que brigam entre si. Julgue de modo justo, corrigindo as culpas sem &zer diferença entre as pessoas.
4 – Não fique hesitando sobre o que vai ou não acontecer.
5 – Não seja como os que estendem a mão na hora de receber e a retiram na hora de dar.
6 – Se você ganha alguma coisa com o trabalho de suas mãos, ofereça-o como reparação por seus pecados.
7 – Não hesite em dar, nem dê reclamando, pois você sabe quem é o verdadeiro remunerador da sua recompensa.
8 – Não rejeite o necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.
9 – Não se descuide de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no temor de Deus.
10 – Não dê ordens com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.
11 – Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus.
12 – Deteste toda hipocrisia e tudo o que não seja agradável ao Senhor.
13 – Não viole os mandamentos do Senhor. Guarde o que você recebeu, sem nada acrescentar ou tirar,
14 Confesse as suas faltas na reunião dos fiéis, e não comece a sua oração com má consciência. Este é o caminho da vida.
O caminho da morte
Capítulo 5
1 – O caminho da morte é este: Em primeiro lugar, é mau e cheio de maldições:
homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, feitiçarias, rapinas, frisos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração, fraude, orgulho, maldade, arrogância, avareza, conversa obscena, ciúme, insolência, altivez, ostentação e ausência de temor de Deus.
2 – Por esse caminho andam os perseguidores dos bons, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os que ignoram a recompensa da justiça, os que não desejam o bem nem o julgamento justo, os que não ficam atentos para o bem, mas para o mal. Deles está longe a calma e a paciência; são amantes das coisas vis, ávidos de recompensas, não se compadecem do pobre, não se importam com os atribulados, não reconhecem o seu Criador. São ainda assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam o necessitado, oprimem o aflito, defendem os ricos, são juizes injustos com os pobres e, por fim, são pecadores consumados.
Filhos, afastem-se de tudo isso.
Perfeição é servir ao Senhor
Capítulo 6
1 – Fique atento para que ninguém o afaste deste caminho da instrução, pois aquele ensinaria a você coisas que não pertencem a Deus.
2 – Se puder carregar todo o jugo do Senhor, você será perfeito. Se isso não for possível, faça o que puder.
3 – Quanto à comida, observe o que você puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos, porque esse é um culto a deuses mortos.
B. CELEBRAÇÃO DA VIDA
Capítulo 7
O batismo
1 – Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2 – Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente.
3 – Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
4 – Antes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado e se outros puderem também, observem o jejum. Aquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias.
Capítulo 8
O jejum e a oração
1 – Que os jejuns de vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação.
2 – Não rezem como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho.
Rezem assim: “Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa divida, assim como também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o poder e a glória para sempre”.
3 – Rezem assim três vezes por dia.
Capítulo 9
A celebração eucarística
1 – Celebrem a Eucaristia deste modo:
2 – Digam primeiro sobre o câlice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre”.
3 – Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
4 – Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre”.
5 – Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães”.
Capítulo 10
Agradecimento depois da eucaristia
1 – Depois de saciados, agradeçam deste modo:
2 – Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
3 – Tu, Senhor Todo-Poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo.
4 – Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre.
5 – Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste, porque teu do poder e a glória para sempre.
6 – Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maranatá, Amém.”
7 – Deixem os profetas agradecer à vontade.
C. VIDA COMUNITÁRIA
Capítulo 11
Verdadeiros e falsos pregadores
1 – Se alguém vier até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido.
2 – Mas se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3 – Quanto aos apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio do Evangelho.
4 – Todo apóstolo que vem até vocês seja recebido como o Senhor.
5 – Ele não deverá ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três dias, é um falso profeta.
6 – Ao partir, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar. Se pedir dinheiro, é um falso profeta.
7 – Não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8 – Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.
9 – Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário, trata-se de um friso profeta.
10 – Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.
11 – Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês, Ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.
12 – Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
Capítulo 12
Hospitalidade com discernimento
1- Acolham todo aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinem para conhecêlo, pois vocês têm juízo para distinguir a esquerda da direita.
2 – Se o hóspede estiver de passagem, dêem-lhe ajuda no que puderem; entretanto, ele não permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.
3 – Se quiser estabelecer-se com vocês e tiver uma profissão, então trabalhe para se sustentar.
4 – Se ele, porém, não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para que um cristão não viva ociosamente entre vocês.
5 – Se ele não quiser aceitar isso, é um comerciante de Crista tenham cuidado com essa gente.
Capítulo 13
Sustentação do profeta
1 – Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno do seu alimento.
2 – Da mesma forma, também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como todo operário.
3 – Por isso, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.
4 – Se, porém, vocês não têm nenhum profeta, dêem aos pobres.
5 – Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6 – Da mesma forma, ao abrir uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
7 – Tome uma parte do seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê conforme o preceito.
Capítulo 14
A celebração dominical
1 – Reunam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.
2 – Aquele que está de briga com seu companheiro, não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado.
3 – Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu Nome é admirável entre as nações”.
Capítulo 15
A vivência comunitária
1 – Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles
devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2 – Não os desprezem, porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres.
3 – Corrijam-se mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho.
E ninguém fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido próximo; que essa pessoa não escute nenhuma palavra de vocês, até que se tenha arrependido.
4 – Façam suas orações, esmolas e todas as ações, da forma que vocês têm no Evangelho de nosso Senhor.
D. PERSEVERAR ATE O FIM
Capítulo 16
1 – Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins, Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar.
2 – Reúnam-se com freqüência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos.
3 – De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio.
4 – Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente.
Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
5 – Então toda criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão
escandalizados e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
6 – Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.
7 – Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: “O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele”.
8 – Então o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.
Referência:
STORNIOLO, I. BALANCIN, E. M. Didaqué – O catecismo dos primeiros cristão para as comunidades de hoje – São Paulo: Edições Paulinas, 1989.
Por Francisco Tourinho