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A vida humana tem sentido?

A vida como ela é. Uma análise simples e sincera da vida de qualquer homem nos levará a uma conclusão fatal e inerrante – A VIDA NÃO TEM SENTIDO. Talvez você tente relutar contra isso, mas essa é a verdade e vou te mostrar fazendo uma análise da vida do homem comum.

A vida é como uma roda gigante dentro de outra roda gigante maior ainda e por sua vez, está dentro de outro roda gigante ainda maior que as outras duas, onde a menor roda são os dias, as maiores são os anos e por fim a vida como um todo, se quisermos dividir em décadas seja quantos forem os períodos, basta aumentar mais o número de rodas dentro de outras rodas, trocando em miúdos, a vida é sempre a mesma coisa. Um homem acorda pela manhã, escova os dentes, se alimenta, vai ao trabalho (não necessariamente nessa ordem, mas pouco importa), depois de um dia matando um leão, volta para casa, tenta assistir um programa de TV ou sentar no sofá e ficar um tempo sem pensar em nada enquanto sua esposa tenta despejar os problemas que passou durante o dia para ele, assim dia após dia. Um pouco de alento ele encontra no fim de semana, onde faz as mesmas coisas, ir ao cinema, um churrasco com os amigos, um filme no Netflix (ou um aluguel na locadora, tanto faz, pouco importa), de forma que ele passa a semana se rachando e vivendo em função do fim de semana. Entrando na roda gigante maior, o homem vive em função das férias, festas de fim de ano e por fim, na maior roda, a aposentadoria, onde ele poderá realizar seu sonho, de ter um eterno fim de semana, férias e até mesmo “festas de fim de ano”.

O homem nasce, cresce, se reproduz e morre, no meio desse tempo, ele estuda para trabalhar, trabalha para comer, e depois se aposenta para morrer, não há escolhas, não há caminho diferente, nós não pedimos para nascer, não pedimos para trabalhar e não pedimos por coisa alguma, nada disso é voluntário, a vida humana é apenas um campo de trabalhos forçados, cheios de problemas, dor e morte por todo canto, com breves momentos de felicidade que incrivelmente nos faz esquecer os momentos de dor, embora esses sejam muito maiores. O que eu disse não é uma modo de ver a vida, não é uma interpretação da vida, é a vida como ela é, é um fato, e ninguém sincero foge disso. A vida é como andar em um labirinto com as luzes apagadas, uma prisão que somente a morte é sua saída, vendo dessa forma, eu até consigo entender o porquê os quase mortos alegam vê uma luz – “não vá para luz“, dizem aqueles que não querem que você morra, de modo sarcástico é claro. A morte parece ser um caminho viável quando o homem aceita e percebe de fato a merda em que ele se encontra, assim você morre por dentro, pois nada mais faz sentido, e sem sentido algum o suicídio parece ser coerente ao se perguntar – porque não o suicídio? Não seria isso uma saída do labirinto sem luz?

A conclusão acima é óbvia, se a vida não tem sentido, o homem está destruído, e não adianta vir com argumentos de que você tem que dá um sentido para sua vida, ou que esse é o motivo para viver mais ainda, porque não é! De fato, ninguém seria respeitado por tal blasfêmia, heresia ou como queira chamar, de que a única saída honrosa para um homem que entende de fato que a vida não tem sentido, é A MORTE! Assim cria-se todo tipo de desculpas escabrosas para essa questão. O suicídio é uma questão filosófica muito séria, talvez a mais séria que exista e uma vez que você aceita que a vida de fato não tem sentido, ela também perde o valor e a partir daí tudo vai embora, é só uma questão de deixar a covardia e fazer o que tem que fazer.

Quando se percebe isso, fica claro o que Jesus quis dizer quando falou: “Eu sou a luz do mundo, aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” Jo 8.12  e quando também diz: “Eu sou a porta. Qualquer pessoa que entrar por mim será salva. Entrará e sairá e encontrará pastagem” Jo 110.9. Ninguém duvida que a vida do homem é escura e sem saída, e Jesus sabia disso, Jesus conhecia bem a natureza humana, no entanto, Jesus tinha uma resposta diferente ao que seria a saída para esse dilema, se Deus existir, considerando essa possibilidade, então a vida tem um sentido e um valor, haja vista que o homem não foi criado para ter esse destino ou esse tipo de vida em uma mera roda gigante em que tudo se repete, dia após dia. Então o homem tem duas saídas, a autodestruição, ou viver com Deus e para Deus, pois sem Deus o homem não significa absolutamente nada, quando se diz que o homem sem Deus nada é, parece ser um frase clichê, mas tem um significado muito profundo, pois em Deus o homem pode encontrar não só um sentido para a vida, mas O sentido da vida, pois se Deus existir de fato, então a vida tem um sentido e tem um valor de fato, não um sentido e um valor ilusório. Não sem razão o apóstolo Paulo diz: “quanto estávamos mortos em consequência de nossos pecados (ou em consequência do nosso afastamento de Deus), deu-nos a vida juntamente com Cristo” Ef 2.5.

Há assim, uma necessidade de um mundo vidouro, onde as necessidades humanas sejam saciadas, onde o ser humano seja completo, se assim não for, de onde vem essa vontade de ser completo, se a nossa realidade é tudo que existe? Se a nossa realidade é cheia de dor, sofrimento, amarguras e tudo mais, e nós somos apenas parte dessa realidade, qual o padrão, comparado a que nós dizemos que a a vida é ruim? De onde vem esse vazio que nada nesse mundo pode completar? Se é um fato que não encontraremos nesse mundo o que nos completa, é certo que esse algo não pertence a ele, obviamente não pertence a esse mundo. Desse modo você pode escolher entre estar condenado a auto-destruição e morte ou viver uma vida com sentido e valor em Deus, por isso mesmo o apóstolo Paulo fala: “Nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus” Rm 8.1.

Raul Seixas, em sua música Ouro de Tolo, descreve isso com uma riqueza muito grande, a música descreve um homem que conquistou tudo que quis nesse mundo, mas ainda assim, está decepcionado, acha tudo chato e que se recusa a aceitar que a vida seja somente isso, a conclusão óbvia de um homem inteligente, a saber, de que homem algum se sentirá pleno com as coisas desse mundo, se algo puder preencher o vazio do homem, esse algo não pode estar aqui, mas em outro lugar.

A experiência de vários homens confirma o que foi apresentado acima. É do conhecimento de todos que Lutero tinha uma vida atribulada e procurava, desesperado, por um sentido à sua vida, ciente de  que vivia no labirinto de trevas da vida humana sem Deus, ele diz:

“Noite e dia eu ponderava, até que via a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que ‘o justo viverá pela sua fé’. Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão pela qual a graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé. Em razão desta descoberta, senti que renascera e entrara pelas portas abertas do paraíso.(1)

Como foi a experiência de Lutero, assim também foi e é a experiência de diversos homens, note a nomenclatura usada como “renascer” ou “entrar pelas portas”, palavras essas usadas para descrever o sentimento de um homem que sentiu ter saído do labirinto da vida sem sentido, para uma com um verdadeiro sentido, através de uma descoberta fenomenal, a de que a vida tem sentido em Deus, mas nela mesma, a única solução viável é a morte.

Por Francisco Tourinho

Uma resposta em “A vida humana tem sentido?”

Que posso dizer? Desvelou o sentido máximo do Eclesiastes, e recordou uma imensa tradição de homens frente ao infinito que vem desde Agostinho, passando por Lutero e aportando, brevemente, em C.S. Lewis. Uma estrada para todos nós, e um sentido único.

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