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Apocalipse 2.20,21 – A graça continua irresistível! Nota 10 para o calvinista.

INTRODUÇÃO

Esse artigo tem por objetivo trazer uma elucidação, segundo a ótica da teologia reformada, no qual o irmão Manoel Neto pediu para que eu respondesse.
Infelizmente o texto ficará grande, pois como estou tratando com neófitos, haja visto que visivelmente desconhecem as doutrinas da graça, terei que me estender um pouco para explicar crenças básicas da teologia reformada.
PONTOS DE EQUÍVOCO
Começarei primeiramente com os pontos de equívocos cometidos pelo autor do meme.
1 – Todo reformado é calvinista, não existe essa de teologia reformada arminiana ou molinista. A teologia da reforma surgiu justamente em contraponto à doutrina semi-pelagiana católica. A crença em um sinergismo nunca fez parte da doutrina de Lutero, Beza, Calvino, Knox, Zuínglio enfim, dos reformadores em geral, quem quiser se certificar sobre isso, basta ler o debate entre Lutero e Erasmo de Roterdã a respeito do livre arbítrio. O único a crer em um sinergismo foi Melanchton, motivo pelo qual foi chamado de traidor da reforma. Se existissem arminianos na época da reforma, eles teriam se levantado contra Lutero e os reformadores, provavelmente seriam católicos e bem católicos, haja vista que os Wesleyanos e Luteranos da linha de Melanchton, assinaram um documento conjunto com a Igreja Católica unificando as suas soteriologias. Um detalhe a ser observado é que a Igreja Católica não precisou alterar absolutamente nada da sua soteriologia definida no Concílio de Trento, que foi justamente o Concílio da contra-reforma. Como pode uma teologia como a arminiana ser considerada reformada se concorda em tudo com a teologia da contra-reforma? Um paradoxo não acham?
2 – O texto pressupõe que a resposta certa é a letra “E”, que diz: “Não existe graça irresistível e Jezabel não se arrependeu porque não quis”.
Aqui encontramos um equívoco porque o autor faz com que pensemos que a graça irresistível e a impenitência deliberada sejam inconciliáveis, o que é um argumento falso dentro do calvinismo, como se uma pessoa não se arrependesse porque Deus não quis, e como se alguém que se arrependesse, fosse Deus porque fizesse isso por ela. Esse erro é notoriamente de alguém que não leu absolutamente nada sobre calvinismo e vou mostrar o porquê:
– Toda pessoa que não se arrepende, não se arrepende porque não quis. Não existe no calvinismo condenação ativa, somente passiva. Desse modo a predestinação não é uma palavra indiferente mesmo quando trata do autor da origem de qualquer coisa. Assim, quando se trata de uma predestinação a salvação, ela é ativa, Deus de fato se apresenta ao homem caído, o ressuscita e o homem se entrega a Deus de forma voluntária depois de ter sido convencido pela verdade do Espírito Santo. O homem fica tão maravilhado que é impossível ele dizer “não” em um determinado momento da vida, pois é convencido por um Ser Perfeito. Mas para condenação, Deus apenas entrega o homem ao seu próprio pecado, ele se condena sozinho, sem intervenção de Deus. O homem por si só não pode produzir santidade, por isso é necessário que Deus intervenha para que ele seja salvo. Mas o homem por si pode produzir o mal, então Deus não participa ativamente da condenação do homem, ele participa apenas passivamente de modo a permitir que o homem faça o que é próprio da natureza dele mesmo. O Homem mesmo se condena e na sua depravação, não se arrepende porque ele não quer, é próprio da natureza do homem caído não se arrepender. 
Veja o que diz o texto de Romanos 3 sobre os ímpios:
Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda;Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto;Com as suas línguas tratam enganosamente;Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
Em seus caminhos há destruição e miséria;
E não conheceram o caminho da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Romanos 3:10-18
Essa é a situação ímpio, tudo isso ele faz porque quer, Deus não faz por ele, é da natureza do Homem ímpio rejeitar a Deus. É um erro comum achar que Deus coage ou força o homem a pecar ou a se entregar a Ele em salvação quando falamos de calvinismo, isso é falso. Calvinistas não acreditam nisso, calvinistas acreditam que o Homem mesmo faz, ele mesmo toma as decisões segundo a sua natureza, se for a natureza de um ímpio, ele fará somente o mal, se for a natureza de um regenerado, ele se entregará a Deus, se arrependerá dos seus pecados, mas ele mesmo é quem faz. Desse modo, o calvinista não nega de forma alguma a liberdade humana, o que nós afirmamos é que nenhuma decisão do homem é neutra, ele tem motivações por trás das suas decisões, tem influencias espirituais e físicas, age de acordo com sua natureza, seja de ímpio ou de regenerado. É importante salientar, que dado o pecado de Adão, todos os homens nascem condenados, nascemos em pecado, todos nós, e todos merecemos o inferno, essa seria a justiça de Deus, condenar todos ao inferno. Ora, se lançar todas as pessoas ao inferno seria justo, porque lançar somente algumas seria injusto? Deus na sua misericórdia salva muitos, e na sua justiça deixa alguns homens seguirem seu próprio caminho, entregando esses homens aos seus desejos, assim eles são indesculpáveis e condenados não só em atitudes, mas em natureza mesmo! 
Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;
Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Romanos 1:24-28
Jezabel como símbolo de tudo que é ruim, Deus a entregou para um sentimento perverso, para fazer as coisas que não convém.
3 – Dado que Deus não muda e sabe o futuro, então Deus já sabia de antemão que Jezabel nunca se arrependeria. O tempo dado por Deus não foi um tempo a mais do planejado, mas sim o tempo que é dado em vida para todas as pessoas. Deus sabe de todas as coisas. O que Deus faz sempre propôs fazê-lo. Porque com Ele não há aumento de conhecimento ou poder como acontece com os seres finitos, segue-se que aquilo que sob circunstâncias Ele permite ou faz, Ele deve ter eternamente decretado fazer ou permitir. Não é aceito que Deus tenha uma infinidade de planos e que Ele mude seu plano de acordo com as demandas, pois isso o tornaria dependente das variadas vontades das criaturas e isso tiraria de Deus esse atributo, chamado imutabilidade. Jó 23.13 diz: “se ele está contra alguém, quem o desviará?” Malaquias 3.6 “Porque eu, o Senhor, não mudo;” e Tiago 1.17 “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Deus não muda seus planos, sua vontade sempre foi e sempre será a mesma. O próprio fato de Deus prever o futuro já implica em fixidez do futuro, se o futuro é fixo, então alguém o fixou.
4 – Assim, a graça não falhou em momento algum! Pois a graça de Deus não alcançou Jezabel, pelo contrário ele entregou Jezabel às suas paixões e dado isso, ela livremente não se arrependeu e foi condenada, não naquele momento, mas já nasceu condenada como todos nós. Seus atos apenas refletem sua natureza depravada herdada do pecado de Adão, ela toma todas as ações más livremente, mas lhe é impossível ir contra sua própria natureza, pois sendo escrava do pecado, o escravo não escolhe seu senhor e estando morta em pecado, não pode fazer nada a não ser continuar morta. 
CONCLUSÃO
Embora eu tenha prometido me estender, eu também tentei ser sucinto, para não ficar grande ou massivo demais explicando conceitos basilares das doutrinas da graça. Assim, foi mostrado os erros cometidos pelo autor do meme, destacando-se que Deus tem uma infinidade de planos e que Ele não muda seu plano de acordo com as demandas das criaturas, pois isso o tornaria dependente das variadas vontades das criaturas e isso tiraria de Deus esse atributo, chamado imutabilidade. Além disso negaria as doutrinas dos decretos e Deus sairia do controle da história. Os eventos do universo, se não forem determinados pelos decretos divinos, devem ser determinados ou por acaso ou pelas vontades das criaturas. Qualquer concepção apropriada de benevolência divina seria contrariada caso Deus deixasse o curso da história nas mãos das criaturas, e é exatamente isso que o meme pressupõe, pois supõe que Deus deu um tempo para Jezabel, aguardando que ela se arrependesse, como se ele já não soubesse que decisão Jezabel tomaria, então para que dá um tempo? Simples, esse tempo não foi um tempo a mais, mas o tempo dado na terra para todos os homens, sejam salvos ou perdidos, isso não tira de modo alguma a liberdade humana, pois Jezabel o fez porque quis!

A resposta correta então seria: “A graça nunca alcançou Jezabel e ela não se arrependeu porque não quis”. A não ser que tempo seja sinônimo de graça e que a natureza humana possa gerar santidade por si só. NOTA 10 AO CALVINISTA! 

Por Francisco Tourinho 

8 respostas em “Apocalipse 2.20,21 – A graça continua irresistível! Nota 10 para o calvinista.”

Isto posto, conclui-se ser completamente falsa a assertiva de que não haveria necessidade da fé ser conservada. E se deve ser conservada é porque pode ser perdida:
"castigo o meu corpo e o MANTENHO EM SERVIDÃO, de medo de vir eu mesmo a SER EXCLUÍDO depois de eu ter pregado aos outros. (I Co 9, 27)” —“Enquanto, pois, subsiste a PROMESSA de entrar no seu descanso, tenhamos cuidado em que ninguém de nós corra o risco de SER EXCLUÍDO. (Hebreus 4, 1) "
Noutra mira, o que pode progredir, pode regredir, como o que renasce na fé, poderá novamente degenerar no pecado que conduz novamente à morte.
É o que prefigurou Cristo ao ressuscitar os mortos, como no caso de Lázaro.
A fé há de ser zelada, cuidada, alimentada e professada até os fim de nossos dias, pois as tentações são constantes até o fim dos nossos dias.
A FÉ É A LUZ que nos norteia até Cristo e a salvação, como ensinou o Mestre das Sentenças, na metáfora das DEZ VIRGENS:
"Então o Reino dos céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. 2.Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes. 3.Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. 4.As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas. 5.Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. 6.No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. 7.E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. 8.As tolas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. 9.As prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós. 10.Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta." (Mt 25)
Sem Deus, o homem não é capaz de conservar a fé, nem adquiri-la.
A fé que salva deve ser integra, completa.
O infiel é que traz a fé intelectiva, mas esta não é suficiente para mudar sua vontade, e voltá-lo à prática da santidade e o desprezo ao ato pecaminoso.
O incrédulo é não a tem nem no intelecto, nem na vontade.
O incrédulo nega a verdade da fé; o infiel nega-lhe os efeitos práticos em sua vida.
Só o FIEL a tem no intelecto, na vontade e nas ações práticas.
Neste compasso, a Virtude da Perseverança e a possibilidade do fiel decair da Graça, já eram ensinadas desde a época da IGREJA PRIMITIVA:
1) "Vós sois o sal da terra" (Mt 5,3), diz o Senhor, e ainda nos recomenda que sejamos simples pela inocência e prudentes na simplicidade [Mt 10,16]. Nada pois é mais importante para nós, irmãos diletíssimos, quanto VIGIAR com TODO O CUIDADO para descobrir logo e, ao mesmo tempo, compreender e EVITAR as CILADAS do inimigo traiçoeiro. Sem isso, embora sejamos revestidos de Cristo [Rom 13,14; Gál 3,27], que é a Sabedoria de Deus Pai [1Cor 1,24], nos mostraríamos menos sábios na DEFESA da SALVAÇÃO. (São Cipriano, Mártir e Bispo de Cartago, in DA UNIDADE DA IGREJA. Cap. I, ano +258)”
E ainda:
“A confissão da fé NÃO TORNA uma pessoa imune das ciladas do demônio. A quem ainda vive neste mundo, ela NÃO COMUNICA UMA PERPÉTUA SEGURANÇA contra as tentações, os perigos e o ímpeto dos ataques mundanos. Se assim fosse, não veríamos, em confessores, os roubos, os estupros e os adultérios, que agora, com imensa tristeza, devemos lamentar em alguns deles. (DA UNIDADE DA IGREJA. Cap. XX, ano +258)”

E só os plenamente perfeitos amam desinteressadamente ao próximo até a imolação de si mesmos, como Cristo fez por nós: — "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. (Efésios 5, 1)
Da perseverança ainda dependem as demais Virtudes, pois sem ela perderemos todas as outras, nos tornando escravos e partícipes do pecado, vindo a sermos excluídos da Comunhão com Cristo, e extirpados da salvação:
“Esforcemo-nos, pois, por entrar no descanso, afim de que NINGUÉM CAIA segundo o mesmo exemplo de desobediência (Hebreus 4.11)” — “depois disto dê frutos. Caso contrário, CORTÁ-LA-ÁS. (São Lucas 13, 9)"
Ora, só pode ser cortado, aquilo que já esteve unido.
Perseverar é nos tornar firmes pela Graça de Deus, naquelas circunstâncias em que por nós mesmos, seria impossível ou muito difícil persistir no Bem e nos hábitos da fidelidade e obediência:
“PERMANECEI EM MIM e eu PERMANECEREI EM VÓS (Jo 15:4)” — “Sê FIEL ATÉ A MORTE e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap. 3:10)”
Perseverar é na sua essência, a firmeza da razão e vontade produzida pela Graça.
Na intensidade da fé, está a intensidade da perseverança; e na intensidade da perseverança é que fé e a santidade experimentam crescimento:
“Como crianças recém-nascidas desejai com ardor o LEITE ESPIRITUAL que vos fará CRESCER PARA A SALVAÇÃO (I São Pedro 2, 2)”
“No, entanto, ela, dando à luz filhos, SERÁ SALVA DESDE QUE, com modéstia, PERSEVERE NA FÉ, no amor e na santificação. (1 Timóteo 2,15)”
Professar é exteriorizar o ato da fé.
Pela manifestação externa é que o ser humano obtém a vivência pela fé: — “O justo VIVERÁ PELA FÉ. (Rm 1.17)”
Por isso, Deus instituiu as suas leis eternas e perfeitas.
No âmbito dessas leis é que são criadas condições virtuosas (fé, esperança e caridade),4 para que o sacrifício do Cordeiro de Deus, nos alcance e guarde em todos os seus efeitos salvíficos:
“aquele que procura meditar com atenção a LEI PERFEITA da LIBERDADE E nela PERSEVERA, não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como CUMPRIDOR FIEL do preceito, este será feliz no seu proceder. (São Tiago 1, 25)” — "Mas PERSEVEROU FIRME no temor de Deus, e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida. (Tobias 2, 14)” —“
Pela Graça, Deus não só cumpre todas essas condições, mas nos move a cumpri-las não por nossos méritos, mas pelos méritos Dele, compartilhados conosco.

Os prosélitos1 afirmam que “uma vez salvo, sempre salvo.”
Mas para salvação2 é necessário preservar a fé nas verdades reveladas por Cristo, e ensinadas no Magistério da sua Igreja:3
"O Senhor está convosco, ENQUANTO VÓS ESTAIS COM ELE; se o buscardes Ele se deixará achar; PORÉM SE O DEIXARDES, ELE VOS DEIXARÁ." (II Cr 15. 2)
“Mas quem PERSEVERAR ATÉ O FIM será salvo. (Mt 24. 13)”
Ora, a perseverança não é senão uma Virtude do Espírito Santo, que nos permite manter estáveis, no âmbito de um juízo bem examinado, quanto a retidão da Lei Divina:
“Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, ESCOLHEI hoje a quem sirvais. (Malaquias 2.2)”
"Venho em breve. CONSERVA O QUE TENS (Apocalipse 3. 11)"
“Por ele sereis salvos, SE O CONSERVARDES COMO VO-LO PREGUEI. De outra forma, em vão teríeis abraçado a fé. (I Co 15. 2)”
“GUARDA minhas palavras, CONSERVA CONTIGO MEUS PRECEITOS. Observa meus mandamentos e viverás. (Provérbios 7, 1)
Pode ainda ser definida como sendo a constância do indivíduo na Vontade de Deus. E quanto mais difícil a permanência nesta Vontade, mais virtuosa será a obra que a Graça de Deus realizará em nós, se assim desejarmos e permitirmos.
Ensina Santo Tomás de Aquino: — “É mais difícil persistir no Bem, que no mal. Mas os males nos fazem correr perigo de morte frequente. Se considerarmos a perseverança como a virtude que nos faz persistir diuturnamente num Bem difícil, teremos então a virtude perfeita. (Q 153, art. 1º da Suma Teológica, Livro IIa e II ae)
A finalidade de professar a fé conservada é unir o ser humano aos méritos do Sacrifício do Cordeiro, alinhando nossa vontade imperfeita à vontade perfeita da Divindade.
Nos méritos de Cristo, somos redimidos dos pecados e inseridos em sua vontade e ordem perfeita, para sermos santificados: — “Porque nós temos TORNADO PARTICIPANTES DE CRISTO, se, de fato GUARDARMOS FIRMES, ATÉ AO FIM, a confiança que, desde o princípio tivemos.” (Hebreus 3.14)”
“CONSERVEMOS firme a nossa FÉ. (Hebreus 4. 14) "
“SE BEM FIZERES, não é certo que serás aceito? E SE NÃO FIZERES bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, MAS SOBRE ELE DEVES DOMINAR. (Gn 4.7).
A perseverança é uma Virtude da Graça que nos move a viver, habitualmente, segundo os propósitos e fins para os quais Deus nos destinou:
“É para o céu que nos cumpra operar e sofrer; é para o céu que devem ser dirigidos os nossos desejos e nossos corações. (Compêndio de Teologia Mistica e Ascética, Tanquerey, p. 355. 5º Ed. francesa, e 3ª Ed. portuguesa, ano 1940)”
A perseverança tem ação dupla, pois cumpre, simultaneamente, por um só ato, dois preceitos Divinos:
1) evitar o conluio com o mal e;
2) testemunhar nosso temor de Deus, nos afastando dos pecados e nos direcionando à perfeição e completude da fé.

Irmão, eu nem sei por onde eu começo a refutação ao seu arrazoado, a bem da verdade eu nem ia responder, mas como me fez um elogio em outro comentário sobre a trindade, vejo que não está aqui como inimigo, embora eu saiba que o que eu escrever aqui não fará a mínima diferença à sua fé. Então eu espero que pelo menos entenda como um calvinista pensa, para que depois vc possa fazer uma arrazoado bem feito, não um ataque aos espantalhos como foi feito agora, pois o amigo erraste o alvo. Não tenho interesse de comentar texto por texto, mas farei uma defesa breve, já que meu tempo é curto.

Já que é católico, vou apelar para o maior filósofo católico que já existiu, São Tomás, e ele cita o segundo maior filósofo católico, Santo Agostinho (elemento de tradição comum entre católicos e protestante), que estavam em acordo que Deus escolhe os homens, antes de nascer. Tomás de Aquino escreveu:

“Deus quer manifestar sua bondade no homem: a respeito dos que PREDESTINOU, por sua misericórdia, em poupá-los, e a respeito dos demais, os quais reprovou, por sua justiça, em puni-los. É este o motivo por que Deus ESCOLHE ALGUNS E REPROVA A OUTROS… mas porquê Ele escolhe alguns para a glória e reprova outros baseia-se em nenhum outro motivo senão sua vontade divina. Disso diz Agostinho: porque Ele atrai um, e ao outro não atrai, não busquemos julgar, se tu não desejas errar.” (ST I:23:5, citando Agostinho em Homilias sobre o evangelho de João 26:2).

Agora compare com o que João Calvino escreve Ademais, comentando Romanos 9.15:

"E, finalmente, nenhuma razão mais elevada do que sua própria vontade pode ser
concebida, pela qual ele deve fazer o bem e revelar sua graça apenas a alguns, e não a
todos… Deus assim fixa como a causa primária para conceder a graça seu próprio
propósito soberano, e ao mesmo tempo ratifica que determinara ter misericórdia
particularmente de alguns"

De acordo com Tomás de Aquino “Cristo é a propiciação dos nossos pecados, eficazmente para uns, mas suficientemente para todos, porque o preço do seu sangue é suficiente para a salvação de todos, mas é EFICIENTE SOMENTE AOS ELEITOS” (Comentário a Tito 1:2:6).

São Tomás de Aquino sobre a predestinação:
"Todas as decisões e atos de Deus são eternos, de modo que é absurdo sugerir que Deus,
de alguma maneira, seleciona arbitrariamente, dentro do tempo, alguém para ser salvo.
Pelo contrário, Deus, eterna e soberanamente, escolheu alguns seres humanos para
serem salvos e lhes outorga a graça necessária para a transformação."

Agora bem a grande novidade amigo: É EXATAMENTE ISSO QUE O CALVINISMO CRER! A semelhança entre o calvinismo e o tomismo é tanta, que dificilmente alguém leigo encontra a diferença. Os conceitos sobre Deus, ou seja, teontologia, a determinação de atos livres, a soteriologia, exatamente igual, ou seja, chamar o calvinista de herege, é chamar São Tomás e Santo Agostinho de herege. Tem coragem?

Se Deus já sabe todo o futuro, como alguém pode perder a salvação? Para que Deus iria dar a salvação para quem ele já sabe que vai perder? Acha que faz algum sentido? Ou vc nega que Deus é onisciênte? Que ele saiba todo o futuro?

As admoestações de Deus é o meio pelo qual Deus opera para salvar o justo e opera para condenar o injusto, pois sem mandamentos não há pecado, concorda?

A confusão que vc faz é básica em filosofia cristã, nenhum tomista versado cometeria esse erro. Vc confunde DECRETO com a EXECUÇÃO DO DECRETO. O decreto é que a ordem, a execução do decreto é a forma como Deus faz para executar o decreto, são os meios. Por exemplo: o fato de Deus ter decretado que vai voltar para buscar sua Igreja, não torna a pregação do evangelho desnecessária, pelo contrário, a pregação do evangelho é o meio pelo qual Deus alcança seus eleitos, e a rejeição do evangelho é o meio pelo qual o homem se condena (não Deus), mas o homem mesmo se lança ao inferno. Se vc diz que o fato de uma pessoa ser eleita, torna desnecessária ela preservar a fé ou torna desnecessária a pregação do evangelho, então vc afirmar que Jesus vai voltar para buscar sua igreja, ou seja, pessoa convertidas aqui, nos leva a mesma conclusão segundo o seu raciocínio. Mas como eu já falei, vc confunde os decretos com a execução dos decretos.

Se Deus elege as pessoas antes da fundação do mundo, ou seja, antes de nascer, assim como o apóstolo Paulo defendia: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;
E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado," Efésios 1:4-6 e também São Tomás, como já citado no comentário anterior, então Deus é quem vai providenciar para que essa pessoa esteja firme e persevere na fé, como o apóstolo João bem diz que aqueles que saíram de nós (igreja) é pq não eram de nós: "Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.
Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." 1 João 2:18,19 Ele vai garantir que isso aconteça e providenciará os meios para que a pessoa seja salva, como diz Judas 24: "24 Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória," É Cristo que é poderoso para nos guardar dos tropeços, não é na nossa força, mas na Dele.

Veja o que Agostinho diz:

“Se, portanto, eles são escravos do pecado (2 Co 3.17), por que eles se gabam do livre-arbítrio? Oh, homem! Aprenda do preceito que você deve fazer; aprenda da correção, que é sua própria falha que você não tem poder…deixe o esforço humano, que pereceu por Adão, aqui ficar em silêncio, e deixe a graça de Deus reinar por Jesus Cristo…o que Deus promete, nós mesmos não fazemos através do livre arbítrio da natureza humana, mas ele mesmo pela graça dentro de nós…Os homens trabalham para encontrar em nossa própria vontade algo que é nosso mesmo e não de Deus; como eles podem encontrá-lo, eu não sei.”

Sobre a eleição incondicional, olha o que Santo Inácio diz:

“Aos predestinados antes de todos os tempos, isto é, antes da fundação do mundo, unidos e eleitos em uma paixão verdadeira, pela vontade eterna do pai.”

Segundo santo Inácio, quando é que fomos eleitos? E se fomos eleitos antes da fundação do mundo, qual é o fundamento para alguém perder a salvação?

Sobre a perda da Salvação eu vou deixar só duas citações de Clemente de Roma, alguém que foi bispo de Roma, conheceu Pedro e o apóstolo Paulo pessoalmente e seu nome foi citado na bíblia, um elemento fantástico da tradição cristã, olha o que ele diz:

Clemente de Roma (69 D.C): “É a vontade de Deus que todos a quem ele ama deveriam participar do arrependimento, e então não perecer com o incrédulo e impenitente. Ele estabeleceu isso por sua poderosa vontade. Mas se qualquer daqueles a quem Deus quer que participem da graça do arrependimento, deveriam depois perecer, onde está a sua soberana vontade? E como isto é resolvido e estabelecido por tal vontade dele?

Clemente de Alexandria (190 D.C): “A alma de um cristão nunca em qualquer tempo será separada de Deus… a fé, eu digo, é algo divino, que não pode ser despedaçada por qualquer amizade mundana, nem ser dissolvida por medo presente.”

Santo Agostinho (370 D.C): “Destes crentes nenhum perece, porque eles foram todos eleitos. E eles foram eleitos porque eles foram chamados de acordo com o propósito, porém, não o seu próprio, mas de Deus… obediência então é um dom de Deus… isto, na verdade, nós não somos capazes de negar, que a perseverança no bem, progredindo até o fim, é também um grande dom de Deus.

Santo Anselmo (1033): “Se você morreu em incredulidade, então Cristo não morreu por você.”

Vai chamar clemente, Agostinho, Anselmo, todo mundo de herege também?

Deus o abençoe querido. Pax et bonun!

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