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Minha história no concurso da Escola de Sargentos das Armas – ESA

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Dia 29 do corrente mês será realizado mais um concurso da Escola de Sargentos das Armas – ESA. Hoje, estou como fiscal, mas já estive do outro lado da moeda e contarei hoje minha história com relação a esse concurso. 
Para entender melhor como cheguei a fazer esse concurso preciso voltar 10 anos no tempo, no ano de 2008, quando eu ainda era um seminarista. Estudava eu no Seminário Batista de Teresina, na época eu estava terminando minha licenciatura em Educação Física na Universidade Estadual do Piauí, quando recebi esse chamado. Eu tinha casado no ano de 2005, e em 2008, no quarto ano de casado, senti que deveria cursar teologia no seminário de minha igreja, meu sonho era ser pastor e teólogo. Mas as coisas não eram tão fáceis, pois eu queria estudar para ser pastor e minha esposa na época acreditava que eu deveria primeiro passar em um concurso, ou então trabalhar para ter uma vida mais estável para somente depois seguir meus estudos no seminário. Em parte ela tinha razão, de fato eu precisava, como homem da casa, prover o melhor sustento possível, mas como eu queria continuar estudando, começaram as brigas, eu insisti, crente que era um projeto de Deus que eu fosse um pastor, no entanto, diante das cobranças de minha sogra e esposa, somando ao fato de que minha esposa começou a ganhar mais do que eu, comecei a ser visto com indiferença (mais tarde, já quase 4 anos depois, eu descobri que uma irmã da igreja, por vingança, inventou uma mentira e disse a ela que eu a estava traindo, coisa que nunca fiz, história essa que algumas pessoas ainda pensam ser verdade, meus amigos, porém, sabem que é mentira, mas isso é outra história).
Diante de uma crise no casamento, uma crise financeira e moral, pois deixei de ser quem tinha autoridade porque tinha pouco a oferecer, tomei uma decisão radical, larguei os estudos no seminário e decidi partir para o ataque. 
Na época, para se informar dos concursos, nós íamos à banca de revista e comprávamos o jornal “Folha dirigida”, eu não tinha computador em casa, então o jornal impresso era minha opção. Comprei o jornal por 2 reais, e depois de olhar os concursos abertos, vi no canto inferior em um pequena nota “Aberto o concurso para sargentos do exército”, como aquilo me chamou atenção, fui até a matéria e vi que as disciplinas estavam ao meu alcance (matemática, português, história, geografia e redação), pois não envolvia direito, mas como eu estava me formando em Educação Física, fazia pelo menos 5 anos que eu não estudava essas disciplinas e vi a necessidade de pagar um cursinho. 
Em Teresina – PI, minha terra natal, existe o Curso pré- militar Tamandaré, cujo o diretor era o Comandante Gervásio. Eu estava apertado de dinheiro, e como queria mostrar serviço em casa, toda minha grana eu colocava em casa, não sobrando nada para meu investimento pessoal, então fui ao banco e peguei um dinheiro emprestado para pagar o cursinho e também a inscrição do concurso. Com o dinheiro em mãos, fui até o comandante, que me deu um desconto e ainda deixou eu estudar dois turnos na escola. Na época eu trabalhava de digitador em um hospital, a legislação vigente empresa, rezava que eu tinha direito a um descanso de 10 minutos a cada 50 minutos, como eu trabalhava 6 horas, eu tinha uma hora no trabalho para estudar, então eu levava os livros para o trabalho e durante o intervalo eu estudava, assim, eu ia para o cursinho pela manhã, estudava no trabalho durante o horário de descanso e também abri mão do horário de lanche, para usar os 20 minutos do lanche para estudar, totalizando assim 1 hora em 20 minutos de estudo no período da tarde. 
Arrumei uma bicicleta emprestada para fazer os deslocamentos, pois não dava tempo de ir em casa e voltar para o trabalho e comecei a comer no trabalho também, minhas mãos viviam sujas, pois a bicicleta era velha e a corrente vivia caindo, o que me forçava a coloca-la no lugar novamente.
O dia do concurso chegou, e eu estava tão duro de grana que tive que caminhar cerca de 10 km até o local da prova, era orgulhoso demais para pedir dinheiro para a esposa, era um domingo, ônibus era difícil, táxi nem pensar, o jeito era ir a pé, no entanto, a organização do concurso exigia que você levasse uma prancheta para apoiar a prova, pois fazíamos a prova sentados no chão de um ginásio, mas eu não tinha grana pra prancheta, o que me fez levar uma tábua de carne para fazer prova, kkkkk, parece engraçado, e de fato é, porém no dia eu estava com muita vergonha, e acabei colocando a tábua dentro de uma sacola de supermercado, no objetivo de esconder. Quando eu cheguei no ginásio, o soldado que estava na portaria disse que eu não poderia entrar com aquela sacola, quando eu tirei a sacola ele viu a tábua de carne e logo exclamou: “que porra é essa guerreiro?” o restante da guarda começou a rir de mim, ao que também ri de volta e entrei na fila para saber qual era meu setor. Meu cartão de identificação do concurso tinha molhado, levei somente minha identidade para lá, e uma caneta azul. O fiscal mesário perguntou se eu ia fazer a prova de caneta azul, eu falei que era a única que eu tinha, ele pegou, sacou uma caneta preta do bolso e me deu, ele pediu minha identidade, procurou na relação o meu nome e disse qual era meu setor, ao que fui procurar meu lugar. Mais tarde eu descobri que era proibido caneta azul, somente a preta era permitida, e também que era proibido o fiscal emprestar material para candidatos, e que o cartão que eu tinha perdido era obrigatório, e os militares tinham ordens expressas para não deixar ninguém passar sem o cartão, mas aquele homem fez as duas coisas por mim, me deixou passar sem o cartão e ainda me emprestou uma caneta preta, o fato é que eu conseguir fazer a prova e vejo a mão de Deus nisso.
Em meio ao cansaço, fome, pois tinha saído de casa sem tomar café, uma crise financeira, uma crise no casamento, com o meu emocional aos cacos e com uma tábua de carne como prancheta, eu fiz a prova e dos mais de 1000 candidatos presentes, somente 27 passaram, e eu fui um deles. Lembro-me de ter chorado copiosamente quando vi meu nome da lista de aprovados, Deus é muito bom! Me deu a vitória e louvado seja a Deus. 
CONCLUSÃO

Para concluir, deixo um conselho das Escrituras que acho que tem tudo a ver com essa história:


Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena. 

12 respostas em “Minha história no concurso da Escola de Sargentos das Armas – ESA”

Cara, ADOREI seu testemunho! São histórias assim que estimulam e encorajam quem está abatido por questões circunstanciais e obstáculos normais da vida, que embora normais, têm o poder de abortar sonhos. Dei risada e me emocionei com o que li. Tive um professor no seminário (querido pastor Job) que vivia repetindo esse texto de provérbios 24:10… maravilhoso!

Meu amigo tourinho sgt melhor. Isso dava um excelente pernoite… ISSO sim é um testemunho e tanto. Que Deus venha a te abençoar meu irmão ainda mais porque a batalha continua a jornada e grande abraço meu irmão saudades.

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