A resposta é um redondo, sim, a Escritura é clara que Jesus já sabia quem iria traí-lo antes mesmo de Judas fazer:
“Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos.”
João 13.11
A Escritura também diz que Jesus sabia quem ele tinha escolhido e que a existência de um traidor era necessária devido a uma profecia bíblica a respeito do Messias:
“Não estou me referindo a todos vocês; conheço os que escolhi. Mas isto acontece para que se cumpra a Escritura: ‘Aquele que partilhava do meu pão voltou-se contra mim’.”
João 13.18
Jesus está dizendo que conhece todos os que ele escolheu para ser apóstolo, e dessa forma, conhecia também aquele que o trairia e já o escolheu sabendo, como ele mesmo diz:
“Não vos escolhi, Eu, aos doze? Todavia, um dentre vós é um diabo.” Falava de Judas, o filho de Simão Iscariotes. Este, ainda que fosse um dos doze, mais tarde o haveria de trair.(Jo 6.70,71).
Não há outra interpretação possível de que Judas foi escolhido para ser o traidor, pois Jesus era livre para não escolher tal homem e deixá-lo bem longe do seu ministério.
Jesus também afirma que todos esses atos (pecaminosos ou virtuosos), Deus já tinha colocado debaixo da sua providência, ou seja, não aconteceu por acaso, ou foi uma série de combinações de decisões não determinadas que por um ato de sorte, deu tudo certo.
“Estava sendo servido o jantar, e o diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus. Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus;” (João 13.2,3).
O que o calvinismo ensina sobre isso?
A Confissão de fé de Westminster é clara:
“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.”(Seção III.I)
A predestinação não tornou Judas mau. Judas já era mau por ser um homem caído, logo, seu ato pecaminoso não vem do decreto, mas de seu próprio coração. Os decretos não anulam a natureza da criatura, então se ela tem uma natureza depravada, ela fará o mal infalivelmente diante do mover divino. Assim o ato é determinado por Deus e, ao mesmo tempo livre por ser feito de livre vontade, o decreto torna certo o ato, mas sem determinar o pecado, pois o pecado está no homem, não no decreto.
Como pode um ato ser livre e ainda determinado por Deus? A própria Confissão de fé de Westminster nos dá a solução:“Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias”, ou seja, Deus, sendo a causa primária, move (concorrência divina) cada criatura, que é a causa secundária de acordo com a própria natureza delas (preservação), pois Deus mantém todas as coisas existindo e preservando as propriedades com as quais ele criou, como1 está escrito: Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos;(Neemias 9.6), e em Jó 34.14-15: Se ele tem a intenção de retirar o seu espírito, tirar o fôlego da vida, toda a humanidade pereceria, a humanidade seria poeira! Explicando melhor, peguemos o fogo como exemplo. O fogo queima, é de sua natureza queimar, Deus criou e preserva assim, então quando Deus move o fogo, ou energiza o fogo, o fogo não pode molhar, ele vai inevitavelmente queimar, exceto se Deus, sobrenaturalmente, mude a natureza desse fogo, então ele deixará de ser fogo e será outra coisa, e assim fará o que a nova natureza puder proporcionar. Assim também, Deus move o ser humano conforme a natureza que lhe é própria, qual a natureza do homem? O homem é racional, livre, consciente, portanto, quando Deus o move, move de acordo com sua natureza que é racional e livre, portanto, sempre que Deus move o homem, esse ato é livre pela própria natureza do ato.
Ainda assim, reconhecemos que essa explicação não é suficiente para nos mostrar em definitivo que o ato é livre, para isso temos que recorrer a algo chamado – vontade. Lembremos da Confissão de fé de Westminster, já citada anteriormente, que diz que “nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.”, explicando melhor, cada criatura e, em específico, como tratado aqui, faz aquilo que sua natureza o constrange a fazer, sendo essa atitude tomada, um ato de sua própria vontade, nascida nele mesmo, mas energizada/movida por Deus. Peguemos o exemplo do homem em seu estado natural, o Apóstolo Paulo diz: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”(1 Co 2.14) e ,“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser” (Rm 8:7), notem que o homem natural sequer entende as coisas de Deus, ele simplesmente não tem a opção de fazer diferente, mas sem dúvida tem a vontade de rejeitar a Deus por causa da sua natureza depravada, portanto, a não ser que Deus transforme essa natureza depravada em uma natureza regenerada, ele jamais poderá produzir frutos dignos de arrependimento, mas ele não é coagido a isso, não é forçado, como alguns objetores argumentam, a liberdade dele não foi tirada, é a condição dele que o coloca nesse estado, é a condição de depravado que o constrange a tomar atitudes que são pecaminosas, rejeitando a Deus, pois uma árvore ruim, produz frutos ruins (Mt 7.18) e de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e amarga e uma figueira não pode produzir azeitonas (Tg 3,11.12), as atitudes do homem são determinadas pela sua natureza, pelo seu estado interior, seja depravado, ou seja, regenerado, seja ele nascido de novo ou um homem natural. Aqui fica rejeitada a chamada liberdade libertária (liberdade irrepcepta), pois de uma mesma figueira não produz outro fruto a não ser figo e uma fonte não jorra dois tipos de águas diferentes, assim como o homem não toma dois tipos de decisões por não poder agir contra sua própria natureza, o homem é livre por tomar atitudes de livre vontade, não por ter opções ou por ter capacidade de fazer diferente, tudo que ele faz é de vontade própria, por isso é livre, no entanto, o ato é certo, logo é determinado, uma vez que Deus move esse homem a tomar determinada atitude, sem o coagir, pois o homem embora movido, faz exatamente aquilo que a sua própria natureza o constrange a fazer. Também fica devidamente refutada a objeção comum de que a liberdade libertária é o pressuposto para a responsabilidade humana, pois se em estado de depravação total o homem é incapaz de entender o evangelho e, portanto, de tomar uma atitude diferente da rejeição a Deus, já que o mesmo sequer entende, o mesmo deveria não ser culpado de forma alguma por sua rejeição a Deus, isso transformaria o estado de depravação em um estado de salvação, pois culpa nenhuma poderia ser imposta ao homem natural e ninguém seria condenado, pois já que o poder de fazer diferente é o fator que torna o homem responsável pelos seus atos, o depravado jamais seria responsável.
Então Judas teve seus atos determinados, mas os fez de livre vontade, pois sua maldade não veio da predestinação, mas antes, a predestinação moveu Judas de acordo com seu coração. Ou seja, Judas não foi forçado a trair a Cristo, nem essa vontade veio de Deus, mas antes, Deus usa a maldade de Judas, e transforma esse ato mau em um bem.
Referencias
1GRUDEM. W. Manual de Teologia: uma introdução aos princípios da fé cristã. Vida. 1999. P.152
4 respostas em “Judas foi predestinado a trair Jesus?”
Assim o ato é determinado por Deus e ao mesmo tempo livre por ser feito de livre vontade, mas gente quem determinou o conceito do quê era pecado? Foi Deus, então ele e o autor do pecado🙆. Hoje sou calvinista, mas os meus 40 anos como arminiana não querem sair dê mim😢
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