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A Relação entre Darwinismo e o Holocausto: Lado Obscuro que Ninguém Conta

Quando tratamos de darwinismo, muitas vezes nos centramos apenas nas descobertas científicas e no naturalismo e ainda na sua guerra contra alguns ramos religiosos mais conservadores tratando-o sempre como um avanço científico e social, quanto os religiosos são apresentados como vilões malvados e inimigos do progresso, mas nos esquecemos das influências darwinistas na filosofia social. O darwinismo tem como carro chefe a ideia da Seleção Natural. Seleção Natural é  “A sobrevivência e reprodução diferencial de organismos com características genéticas que lhes permitem utilizar melhor os recursos do meio ambiente” ( http://www.accessexcellence.org/AE/AEPC/WWC/1994/glossary.php) que nada mais é do que a sobrevivência do mais forte. Ao pensarmos nisso poderíamos imaginar que sendo a Seleção Natural um processo natural e podendo conhecer os seus mecanismos, poderíamos assim acelerá-la. Foi assim que Francis Galton pensou ao criar a Eugenia, que é “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.” ¹

O professor Francisco B. Assunção Jr², fala sobre o assunto da seguinte maneira:
“Quando pensamos no Holocausto, imediatamente vem-nos à mente a questão judaica e os horrores dos campos de concentração como se fossem frutos exclusivos e originários a partir da loucura Hitleriana. Entretanto, podemos pensá-lo a partir de uma teoria científica, de grande penetração durante a primeira metade do século XX, a Eugenia, que, embasada nas ideais de Darwin, inspira seu primo, Sir Francis Galton, a estudar a influência da hereditariedade sobre a inteligência, com o objetivo de melhoria da espécie humana. Em nome da ciência eugênica, em 1907, aprova-se uma lei de esterilização forçada nos EUA; sistemas de catalogação são estruturados visando identificar aqueles que seriam passíveis de se enquadrarem em um modelo de seleção, tais como deficientes mentais, alcoólatras e criminosos que, caso procriassem, piorariam a espécie.”
Isso não foi algo somente Hitleriano, em 1922, na Suécia, cria-se o Instituto de Biologia Racial que aprova medidas eugênicas que durarão até após a Segunda Guerra Mundial, e na Rússia stalinista, onde Hermann Mueller, descobridor de como os raios X afetam os cromossomos, buscou o apoio de Stalin para o processo eugênico.
Assim conceitos científicos são utilizados na política e após a subida de Hitler ao poder, o que justificava as loucuras de Hitler ao matar os considerados inferiores, pois esses a natureza eliminaria, deixando assim aqueles que melhor se adaptassem, em outras palavras: os mais fortes. Na procura pelo “super-homem ariano” os alemães e uma boa parte da população da Europa apoia as disparidades do Holocausto, o maior ato de crueldade de todos tempos.
Ao pensarmos bem, já que a natureza se encarrega de eliminar os mais fracos, ou menos adaptados, como queiram chamar, porque então devemos socorrer animais em extinção? Ou porque deveríamos lutar pela sobrevivência de deficientes físicos e mentais, ou pessoas com doenças genéticas em geral? Não seria isso contra a natureza? Não seria um desserviço aos processos naturais?
“Antes do advento dos nazistas no poder, mais de 20 institutos universitários para Higiene Racial já estavam estabelecidos na Alemanha. Mas, é sob a égide do partido nazista que, em junho de 1933, se estabelece a “Lei de Esterilização”, que propunha a esterilização daqueles que sofriam de doenças geneticamente determinadas – estima-se que, em sua decorrência, mais de 350 mil pessoas foram esterilizadas. É em outubro de 1939 que se determina a “morte misericordiosa” para pacientes considerados “incuráveis”- que numa primeira fase atingem mais 70 mil pacientes.”³
“É essa ideia de superioridade biológica de determinados indivíduos (sadios sobre doentes) e, consequente posteriormente, de determinadas nações (arianos sobre não arianos) que orientará a política nazista de expansão e extermínio.” 4

REFERÊNCIAS


1- José Roberto Goldim (1998). Eugenia . UFRGS. Página visitada em 2009-01-28.
2- Professor livre docente pela Faculdade de Medicina da USP, professor associado do Instituto de Psicologia da USP, coordenador do departamento de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da ABP, membro da Academia Paulista de Psicologia, citado na revista Holocausto: A estratégia de purificação racial de Hitler, Ed. Escala.
3- GJ Annas; MA Grodim. The Nazi Doctors ante the Nuremberg Code. Oxford University Press;1992
4- Ibid. 2

Por Francisco Tourinho

14 respostas em “A Relação entre Darwinismo e o Holocausto: Lado Obscuro que Ninguém Conta”

Bem, relativamente aos religiosos serem vistos com os maus da fita, isso não anda muito longe da verdade. Não foi só a TE que influenciou Hitler, mas também o facto de ser católico romano, estando essa ligação com o catolicismo presente nos seus discursos e no Mein Kampf. Eu não estou a negar o envolvimento da TE (que quando mal interpretada pode provocar horrores), no entanto, é preciso não esquecer que o papel da religião não foi assim tão benéfico.

* Nesses documentos está presente a ideia de que hitler pensava estar a fazer a obra de Deus (e faz sentido segundo certas doutrinas religiosas que os homens fossem perfeitos á imagem e semelhança do seu deus.

Pesquise sobre Eugenia e verás a verdadeira influência de Hitler! Isso é consenso entre a maioria dos historiadores e fato incontestável da influência darwinista na Eugenia, que foi um fenômeno não só hitleriano mas mundial!

O catolicismo nesse tempo nem creditava a TE ainda, é complicado que o mesmo possa ser católico e ao mesmo tempo ser influenciado por uma teoria que a mesma não aceita, falar da boca para fora que é católico, não quer dizer que se guie por suas idéias.

Certamente Hitler descobriu algo que deu certo por toda história, juntar religião e política, logo era ruim para sua imagem ser um ateu, como Stalin e Mussoline. Justificar loucuras políticas com versículos bíblicos é o que governantes fazem para dominar a "massa burra".

Prezado, a idéia de não misturar os povos existe desde de o Velho testamento. A eugenia era apenas utilizada pelo partido nazista como confirmação empírica do que está na palavra.
Não esqueça que foi justamente o aprofundamento do estudo biológico que determinou a não existência de variação genética suficiente para separarmos a humanidade em raças. Derrubando mais de 2 mil anos de discriminação social-politico-religiosa.

as provas apontam tanto para a influencia da TE como para a do catolicismo – não tem maneira de provar que Hitler não era influenciado pelo catolicismo – antes pelo contrário, há documentos que o apoiam. Se não gosta, tudo bem, mas não negue a evidencia.

Coelho, primeiramente muito obrigado pelo seu comentário, saiba que é de grande valia a sua opinião e que sempre aprendo com pessoas que comentam por aqui.

Agora, quanto a sua resposta, afirmo que não concordo com a seu arrazoado, haja vista que a própria bíblia conta a história de Adão e Eva afirmando que todos os povos, raças e línguas(lembrar da torre de babel), vieram de um só lugar.

Quanto ao povo escolhido Jesus deixa claro que isso era um equívoco, trouxe uma nova interpretação de que todo aquele que seguisse os seus mandamentos faria parte do povo escolhido, independente de raça ou nação!

Presada Maria Madalena, não só Hitler, mas na Suécia e Rússia e até mesmo os EUA foram influenciados pela Eugenia, e vc acha que o processo de purificação racial foi influenciado pelo catolicismo de Hitler? Isso é a desculpa de todo cientista quando perde a razão, procura ver se o indivíduo tem alguma crença e depois subjuga tudo debaixo da crença do indivíduo, como se religião definisse caráter ou capacidade intelectual, por exemplo, se o cara é alcoolatra e cristão, o problema é por que ele é cristão? Nada a ver, se Hitler era mal e era católico, agora a maldade dele vem do catolicismo? Acredito que não! Há inclusive vários estudos e controvercias quanto a crença de Hitler em Deus e quanto ao seu catolicismo.

E Stalin que não acreditava em Deus e aderiu a Eugenia, era por acaso influência do catolicismo também? E Mussoline que era ateu, e aderiu também, seria por causa do catolicismo?

Vejo o que não há razões para apoiar seu pensamento!

Eu admiti a influencia da TE, mas cada caso é um caso e os documentos apontam para influencias religiosas (ele não só era católico como afirmou estar a fazer o que fazia em nome de Deus e do cristianismo. Mussoline foi ateu numka altura e cristão noutra, que eu saiba, mas de wualquer modo cada caso é um caso e eu falei de Hitler.

Uma frase do Hitler para esclarecer a questão!

“O Cristianismo é uma rebelião contra a lei natural, um protesto contra a natureza. Em sua lógica extrema, o cristianismo significa o cultivo sistemático da falha humana. A melhor coisa é deixar o cristianismo morrer de forma natural. Uma morte lenta tem algo confortante sobre ele. O dogma do cristianismo se desgasta perante os avanços da ciência. A religião terá de fazer mais e mais concessões. Gradualmente, os mitos desmoronam. O cristianismo, é claro, atingiu o pico do absurdo a este respeito. E é por isso que um dia a sua estrutura irá desmoronar. A ciência já impregnou a humanidade. Consequentemente, quanto mais cristianismo se apega aos seus dogmas, mais rápido decllinará”

Adolf Hitler no livro Hitler’s Table Talk

Esta conversa me lembra a questão de Marx, hehehe.
O proprio Marx, diria que ele não é Marxista!
Mas em relação a teoria da evolução das espécies e Darwin, ela não tem como alvo a igreja, nem a teoria nem Darwin.
Como anglicano, fico triste ao ver esta ligação, pois quando o jovem cientista trouxe suas idéias, uma das pessoas que mais se entusiasmaram com a teoria foi Baden Powell ou devo dizer Rev. Baden Powell, que era professor e também reverendo anglicano. Além de ser o pai do fundador do escotismo Robert S. Baden Powell.
Assim um religioso, um clérigo foi o primeiro a aprovar os estudos de Darwin.
E para finalizar, Darwin está enterrado na Abadia de Westminster, juntamente com reis, rainhas, pessoas do clero e outras personalidades como por exemplo Sir Isaac Newton.
Enfim, Darwin não se tornou persona non grata da igreja da inglaterra por causa de sua teoria. O que prova que ela não pretende ser contra a igreja.

Mas fora isto, a questão da ciencia ser utilizada para validar barbaridades não é nova.

Durante os primeiros anos ou séculos das colonizações, as "teologias" é que procuravam fazer o discurso que validasse a escravidão, depois disto a ciência entrou com as teorias de raças superiores e inferiores, ou seja isto não é exatamente novidade da teoria da evolução das espécies.

Não vou me alongar no assunto, pois era para ser apenas um comentário…
hehehehe
Mas é isso ai, discutir é sempre bom.
Abraços!

Pelo que me tenho apercebido existia uma dualidade na mente do Hitler: assistia ao decaimento dos mitos cristãos (por exemp+lo: criação em 6 dias e sem mudança) e aceitava-o, mas de algum modo sentia-se motivado pelo deus em que ele acreditava:

What we must fight for is to safeguard the existence and the reproduction of our race … so that our people may mature for the fulfilment of the mission allotted it by the creator of the universe. … Peoples that bastardize themselves, or let themselves be bastardized, sin against the will of eternal Providence."(Steigmann-Gall 2003, p. 26). É uma citação bastante esclarecedora, remetendo para uma posição filosófica e religiosa denominada criacionismo progressivo – a evolução é determinada por deus, que também foi o criador primordial de acordo com este ponto de vista. Ao que parece também me dei ao trabalho. Gosto de 'pratos limpos'.

Paulo, muito obrigado pela sua visita!
Paulo as idéias de Darwin sem dúvida não tiveram o objetivo de derrubar a igreja e destruir crenças, assim como as ideias de Calvino sobre a predestinação não tinham a intenção de ser um dos carros chefe do capitalismo, ou as ideias de Lutero que influenciaram o surgimento do Iluminismo.
A verdade é que ideias tem um sentido original e um outro sentido dado por aqueles que se apossam dela, no caso do darwinismo, outros cientistas se apossaram da ideia e chegaram a conclusões do absurdo.

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