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RESPOSTA AO PROFESSOR OLAVO DE CARVALHO – Corrigindo mais alguns erros.


INTRODUÇÃO

Esse artigo visa responder a um arrazoado, do professor e filósofo Olavo de Carvalho, diante de uma resposta dada a ele por um artigo que o mesmo escreveu. Para se ambientar, o leitor poderá ler o primeiro artigo do professor Olavo aqui, minha resposta aqui, a tréplica do professor Olavo aqui, até chegarmos no presente artigo.
 
 
UMA SUTIL SOFISMA
 
Olavo de Carvalho, em resposta ao meu artigo, escreve que eu não entendi o que ele escreveu, diz ele que é pelo meu analfabetismo funcional, enquanto admite que escreveu de forma relaxada, sem detalhes, e que o leitor, como que um adivinho, deveria entender exatamente o que não foi expresso, aliás, técnica típica dos sofistas, em uma definição aristotélica e não semântica, argumentar com expressões dúbias e palavras com significados imprecisos, pois assim, ao serem refutados, poderiam simplesmente converter um eficaz ataque em uma falácia do espantalho, dizendo que não falou A e sim B e que o adversário atacou A invés de B, e assim desqualificando os argumentos do seu oponente de ideias, pois palavras ou pensamentos com significados turvos podem significar o que você quiser, pois no final, não importaria o que estaria escrito, mas o significado subjetivo que dei às palavras. E é exatamente essa técnica que o professor Olavo está usando em sua tréplica, imagino só como o sábio Aristóteles o adjetivaria.
 
A APLICAÇÃO DA SUTIL SOFISMA
O professor Olavo, em seu primeiro “irrefutável” artigo, escreve que:
Lutero, Calvino e seus seguidores reduziram esse ato a um simples “memorial”, esvaziando-o da sua eficácia ritual no presente e negando a transformação real das duas substâncias.”
Essa citação foi entendida por mim, que o professor estava afirmando que Lutero e Calvino acreditavam que a ceia do Senhor era apenas um memorial. Mostrei então o erro dessa afirmação, pois Lutero e Calvino nunca creram que a ceia era um simples memorial. No entanto, Olavo de Carvalho afirmou em sua resposta a mim, que não foi o que ele quis dizer, mas que quis dizer o seguinte:
Ao dizer que “Lutero, Calvino e seus seguidores reduziram esse ato (a comunhão) a um simples ‘memorial’, esvaziando-o da sua eficácia ritual no presente e negando a transformação real das duas substâncias”, não imaginei, imprudente que sou, que alguém pudesse ser burro ao ponto de confundir a questão da “eficácia ritual no presente” com a da PRESENÇA real de Cristo no pão e no vinho.”
Mas há bons motivos para discordar dessa defesa de Olavo de Carvalho, a primeira é que mesmo após ler o meu artigo, onde mostro que Lutero ensinava uma presença real de corpo e sangue na Eucaristia, o mesmo continua a afirmar um ensinamento errôneo a respeito de Lutero:
 
Antes de discorrer sobre a citação do print, eu devo esclarecer que há uma enorme diferença entre eu afirmar o que outra pessoa de fato ensinou, e eu afirmar o que eu acho que seriam as consequências do pensamento do personagem que eu estou analisando, embora os mesmos nunca ensinassem isso. Por exemplo, Luis Molina afirmava que o pensamento Tomista, em virtude de sua praemotio physica, eliminava a liberdade humana retirando os significados dos nossos atos e também transformava Deus em autor do mal, propondo como correção desse problema a ciência média e o concursus simultaneus. Obviamente os tomistas negavam isso tudo, e nunca afirmaram que Deus era o autor do mal, ou que homem não tinha livre arbítrio, embora negassem uma liberdade irrecepta como Molina afirmava, então temos dois pontos distintos:

1 – O ponto de vista de Molina a respeito dos tomistas, sugerindo que as premissas dos tomistas não levavam às conclusões do que eles ensinavam.
2 – O que os tomistas de fato afirmavam.
Aqui trazemos à luz a sofisma de Olavo, pois o mesmo confunde o seu ponto de vista a respeito do que seria as consequências do ensino de Lutero, com o que Lutero de fato almejou ensinar. Observem, pelo que está escrito no print, que o mesmo, na verdade, sequer sabia o que Lutero ensinava, já que Lutero nunca ensinou uma presença meramente espiritual, mas sim de carne e sangue, ou seja, isso nunca se tratou de uma questão de consequência dos ensinos de Lutero, como o mesmo quis insinuar, mas uma questão do que Lutero de fato ensinou. Olavo de Carvalho de fato desconhecia a posição de Lutero, é isso que a citação na imagem nos mostra de forma irrefutável, o que nos leva a conclusão de que o meu entendimento do seu artigo estava correto, não o entendimento que ele quis atribuir posteriormente ao ser refutado, fazendo com que seu oponente de ideias se passasse por quem ataca um espantalho, ou seja, para ficar mais claro, Olavo de fato afirmou que Lutero ensinava que a ceia era um memorial somente, não que as consequências do seu pensamento era tal coisa, conseguem entender tal diferença? É importante também salientar que na crença daqueles que defendem um simples memorial (herdeiros dos ensinos do irmão Zwinglio), Cristo não estaria presente sequer espiritualmente na ceia, tornando a afirmação de Olavo equivocada em qualquer sentido que se queira empregar ou analisar.
CORREÇÃO DE MAIS UM ERRO

Logo após expor seu ponto de vista sobre o que seriam as consequências do ensino de Lutero e não sobre o que Lutero de fato ensinou, o professor Olavo nos premia com uma afirmação que me deixou surpreso devido o seu afamado calibre intelectual:
Calvino, com maior audácia e superior coerência lógica, tirava disso a consequência que Lutero não ousara tirar, proclamando na Confissão de Fé de Westminster: não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes”.
Olavo de Carvalho afirma que Calvino proclamou na Confissão de Westminster uma presença real, porém espiritual. Olavo está correto quanto ao pensamento de Calvino, mas está equivocado que ele tenha feito isso na Confissão de Fé de Westminster (CFW), documento esse elaborado entre 1643-1649, pois Calvino faleceu em 1564, e exceto se a Assembléia de Westminster fizesse sessões de mediunidade, seria impossível Calvino proclamar esse ensino na CFW, embora tenha ensinado nas suas Institutas. Assim, fica mais uma vez demonstrada a imperícia do professor ao falar dos fatos históricos.
SEGUNDA APLICAÇÃO DA MESMA TÉCNICA
O professor Olavo continua:
O que ele está afirmando, embora ele próprio não o perceba, é que, sem a fé, o corpo e o sangue de Cristo NÃO ESTÃO no pão e no vinho. Se fosse assim, comer o primeiro e beber o segundo seriam atos inócuos como tomar o café da manhã, e não se vê como poderiam ser punidos com as penas do inferno, como Nosso Senhor afirmou explicitamente que seriam. O castigo só se justifica porque o pagão comungante não consumiu apenas pão e vinho, mas, sem mérito nem fé, alimentou-se do corpo real e do sangue real de Jesus, cometendo duplo sacrilégio.
Mais uma vez vemos uma sutil sofisma, confundindo minha afirmação com o que ele pensa a respeito e dizendo que eu de fato ensinei o que ele acha que eu ensinei, exatamente como fez anteriormente, explico: eu afirmei que a Eucaristia tinha um poder de aperfeiçoar a salvação, ou seja, ela não era um símbolo qualquer, nem um pão e vinho como uma refeição do café da manhã. Se formos buscar o contexto em que a afirmação foi empregada, encontramos que foi quando o professor Olavo afirmou “que a salvação, o ingresso na vida eterna, só vem por um único meio: comer o Seu Corpo e beber o Seu sangue.” O que foi devidamente refutado com o exemplo do ladrão na cruz, que nunca ceou, nem mesmo batizou, mas foi alcançado pela graça, teve fé e por isso foi salvo, mostrando que a ceia e o batismo não são causas da salvação, ainda mais como Olavo afirmou – o único meio – que seria como a única causa da salvação, pois se fossem a única causa, Jesus jamais poderia ter salvo o ladrão da Cruz. A segunda resposta que ofereci foi a pregação de São Pedro, em Atos 2, onde ele coloca em ordem primeiro a fé (crer), o arrependimento e depois já se recebe o dom do Espírito Santo, o que é isso se não é ser salvo, e somente depois é que acontece o Batismo, já aperfeiçoando o que já foi feito, assim como a comunhão tardia citada nos versículos mais frente. O arrazoado do professor Olavo de Carvalho, não se sustenta, pois para sua afirmação, de que a Eucaristia seja o único meio de salvação, esteja correta, a participação no rito deveria salvar sem a fé, pois fé não é o mesmo que Eucaristia, e se a Eucaristia condena se não for participada com fé, então ela não pode ser o único meio, pois, em verdade, ela depende da fé para ser considerada salvadora e não condenatória, sendo ela dependente, já se torna um efeito e não a causa, confirmando exatamente o que defendi.

Como ficou demonstrado, o professor Olavo falhou mais uma vez em demonstrar sua tese. 

7 respostas em “RESPOSTA AO PROFESSOR OLAVO DE CARVALHO – Corrigindo mais alguns erros.”

Ou seja, o Olavo, arrogante como sempre, achou que entendia de teologia protestante, e passou a maior vergonha de sua vida, pois falou tantas bobagens que qualquer criança que tenha estudado o Bíblia com os pais o refutariam. Para quem se julga o supra sumo da inteligência, é apenas um ignorante completo de teologia bíblica e protestantismo histórico.

O Olavo de Carvalho tem seu conhecimento teológico do catolicismo, não é um equívoco a sua visão contra o protestantismo. Ele tem ensinamentos jesuítas, que são os que surgiram para fazerem uma contra reforma.
Olavo mantém a agenda católica jesuíta, por isso não me é equivocado o seu pensamento, nem, seu ensinamento, quanto a teologia, são dele mesmo…

Washington, mas é justamente o que eu denuncio, se ele estivesse afirmando algo que ele acreditar ser, tudo bem, nós debateríamos os termos, mas se ele diz que outra pessoal pessoa ensinou tal e tal coisa, ele tem que provar que tal pessoa ensinou de fato tal coisa, não o que ele pensa que tal pessoa ensinou. É um fato histórico que Lutero e Calvino não ensinaram um memorial, então se ele afirma que Lutero e Calvino ensinaram isso, então ele cai em um erro histórico e não em um erro teológico. Se ele dissesse que o pensamento dos dois se analisado de tal e tal forma levasse ao memorial, aí sim, ele estaria correto.

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