Em resposta ao comentário do leitor Sousa da Ponte, esse post foi feito e assim ele será a continuação de outros post’s sobre a veracidade da pessoa de Jesus e de sua história. Infelizmente, o comentário é extenso, e responderei em vários posts, sendo esse o primeiro.
O comentário que o leitor comentou foi esse:
“Pouco sabemos dos primórdios do cristianismo. Sabemos que aparecem nos primeiros séculos.
Conhecemos textos de autores desconhecidos que relatam diversas histórias sobre Cristo.
Só no tempo de Constantino são escolhidos os evangelhos que conhecemos. Todos os outros são rejeitados.
Temos portanto que os relatos não são de forma nenhuma contemporâneos do alegado e nem todos falam de ressurreição.
Isto leva-nos de volta so problema de saber se há outras fontes que corroboram algumas destas narrativas.
As da volta dos mortos dos profetas, os estragos no templo , os dois mil porcos mortos depois dum exorcismo, o eclipse na lua cheia são exemplos de acontecimentos que certamente não passavam sem qualquer registo.
Pelo que parece que se tratam de narrativas orais que com o decorrer do tempo vão ganhando pormenores.
Claro que os casos menores: transformação numa festa privada de água em vinho ou a cura dum paralítico podiam perfeitamente sem que ninguém os registasse.
Uma parte significativa dos primitivos cristãos eram gnósticos. Esses não acreditavam na morte e ressurreição.
Foram massacrados depois do Constantino pelos cristãos da linha dominante.
Antes de serem massacrados pelos cristãos foram-no igualmente pelos romanos.
Se o critério ser morto por acreditar valida a tese os gnósticos, cataros e muitos outros que não acreditavam na ressurreição também estariam certos.
De facto os factos que são passíveis de serem testados historicamente não parecem ser credíveis.”
Já foram citados em textos anteriores, historiadores da época, que falaram a respeito de Jesus. Como exemplo temos:
Cornélio Tácito (55-120 d.C) – faz alusão a pessoa de Cristo e também a crença que os primeiros cristãos tinham a respeito de sua ressurreição, ele diz que “Christus, que deu origem ao nome cristão, foi condenado por Pôncio Pilatos, procurador da Judéia…” No mesmo contexto ele faz alusão a uma superstição que os cristãos tinham em relação a Cristo – “reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda Judeia, onde o problema teve início, mas também em toda cidade de Roma”1
Suetônio, outro historiador romano, diz em sua obra Vida de Cláudio 25.4:
“Como os judeus, por instigação de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou de Roma”. O interessante é que esse evento é narrado em Atos 18.2, o evento ocorreu em 49 d.C.
Suetônio também diz sobre o incêndio em Roma, acontecido em 64 d.C.:
“Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica”2
Que superstição seria essa, senão a de que Jesus havia ressuscitado? O teólogo Josh McDowell fala a respeito: “Se presumirmos que Jesus foi crucificado no início da década de 30, veremos que, menos de vinte anos depois, Suetônio – que não era favorável ao cristianismo – situa os cristãos na cidade imperial e relata que eles sofriam e morriam pela convicção de que Jesus Cristo de fato vivera, morrera e ressuscitara dentre os mortos”3
Uma referência bem interessante é a do historiador Talo, ele escreveu por volta de 52 d. C., seus escritos foram perdidos em sua maioria, alguns trechos foram citados por outros escritores como é o caso de Júlio Africano que escreve: “Talo, no terceiro dos livros que escreveu sobre a história, explica essa escuridão como um eclipse solar – o que me parece ilógico (é claro que parece ilógico, pois um eclipse solar não poderia acontecer em época de lua cheia, e foi na lua cheia da Páscoa que Cristo morreu”)4
Flegão, que também era historiador secular, em sua obra chamada Crônicas, embora tenha se perdido, Júlio Africano preservou um pequeno trecho dela em seus escritos: “No tempo de Tibério César, ocorreu um eclipse solar na lua cheia”5
Orígenes (Séc. III) e Filopon (Séc VI) também mencionam essa referência de Flegão a esse acontecimento, que parece se referir às trevas na ocasião da morte de Jesus.
Um achado arqueológico recente, confirma a existência de um Tiago irmão de Jesus, assim como o novo testamente se refere, confirmando a historicidade do NT. O ossuário de Tiago, o irmão do Senhor, foi revelado ao mundo pelo engenheiro judeu Oded Golan no ano de 2002.
O ossuário de 25 quilos tem em si a inscrição: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Depois de muitos ataques dos mais variados céticos, em 2005 o objeto arqueológico foi submetido à uma “prova de fogo” quanto a sua autenticidade. Depois de mais de 7 anos de julgamento, com opinião de vários especialistas e várias análises e estudos científicos, ficou comprovado que a inscrição é autêntica e tem cerca de 2 mil anos.
Mara Bar-Serapião (70 d.C), filósofo estóico, escreve uma carta exortando seu filho a buscar a sabedoria, na carta ele coloca Jesus, Sócrates e Pitágoras no mesmo patamar, ora, se Pitágoras e Sócrates forem reais, Jesus também é, a diferença é que não vemos ninguém dizer que Sócrates e Pitágoras nunca existiram, na certa não dá IBOPE. Assim diz ele:
“Que vantagem os atenienses teriam de colocar Sócrates a morte? Fome e praga veio sobre eles como um julgamento por seus crimes. Que vantagem é que os homens de Samos ganharam com a queima de Pitágoras? Pouco tempo depois, sua terra estava coberta de areia. Que vantagem os judeus teriam com a execução de seu sábio Rei? Logo depois disso o reino deles foi aniquilado. Deus justamente vingou esses três sábios: os atenienses morreram de fome; os Samians foram surpreendidos pelo mar, os judeus, arruinados e expulsos de sua terra, vivem em completa dispersão. Mas Sócrates não está morto; ele sobrevive nos ensinos de Platão. Pitágoras não morreu, ele vive na estátua de Hera. Nem o sábio rei morreu; Ele vive nos ensinamento que deixou.”
“O resultado do exame as fontes externas ao Novo Testamento que tocam direta ou indiretamente em nosso conhecimento de Jesus é a confirmação de sua existência histórica, de seus poderes incomuns, da devoção de seus seguidores, da continuidade do movimento depois de sua morte pelas mãos do governador romano em Jerusalém e a penetração do cristianismo nas camadas superiores da sociedade da própria Roma no final do primeiro século.”6
Não sabemos tão pouco a respeito dos primórdios do cristianismo, existem mais referências (só pagãs) a Jesus do que a Pôncio Pilatos, por exemplo. Aliás, F.F. Bruce ressalta uma particularidade entre esses dois nos escritos de Tácito: “Pilatos não é mencionado em nenhum outro documento pagão que tenha sobrevivido até nossa época[…] Pode-se considerar ironia da história o fato de que ele a única referência histórica a ele, num escrito pagão o mencione por causa da sentença de morte que ele pronunciou contra Cristo.”
A citação de Tácito já nos traz bastantes informações, como a existência e a morte de Jesus condenado pelo governo romano, além de falar sobre a crença na ressurreição(implicitamente), que nos levam a pensar que o Novo Testamente tem sim razão no que diz.
Sobre a questão dos livros escolhidos, a isso será feito outro post, falando como a bíblia foi montada e o porquê da recusa de alguns livros.
REFERÊNCIAS
1- Tácito – Anais XV.44
2- Suetônio – Vida dos Césares, 26.2.
3- MCDOWELL, J. Novas Evidências que Demandam um Veredicto. Edição em Português. São Paulo-SP: Ed. Hagnos, 2013. Pág 283.
4- Júlio Africano, Cronografia. 18.1
5- Ibid. 4
6- KEE, H.C. What Can We Know About Jesus? Cambridge: Cambridge University Press, 1990. Pág 19.
Por Francisco Tourinho
Indicações de leitura sobre o mesmo tema:
4 respostas em “Tenho razões para acreditar que Jesus Existiu? (Parte 3)”
Todos os 3 links de sugestão de leitura retornam a mensagem "not fóruns"
O problema já foi corrigido, muito obrigado!
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