“Famoso ateísta agora acredita em Deus: um dos maiores ateístas do mundo agora acredita em Deus, mais ou menos baseado em provas científicas.” Esse era o título de uma matéria da Associated Press publicada no dia 9 de novembro de 2004, que dizia: “Professor de filosofia inglês, um dos maiores defensores do ateísmo há mais de meio século, mudou de idéia. Ele agora acredita em Deus, mais ou menos baseado em provas científicas,como afirma em um vídeo exibido na quinta-feira”. Quase imediatamente, o anúncio tornou-se um acontecimento da mídia,causando uma enxurrada de reportagens e comentários em todo o mundo, no rádio e na televisão, nos jornais e em sites da Internet.A matéria ganhou tal força que a Associated Press (AP) publicou dois anúncios subseqüentes relacionados ao original. O assunto da matéria e de muita especulação posterior era o professor Antony Flew, autor de mais de trinta obras filosóficas, que durante cinqüenta anos defendeu os princípios do ateísmo. Seu artigo, Theology and Falsification, apresentado em uma conferência no Socratic Club da Universidade de Oxford, em 1950, presidida por C. S. Lewis, tornou-se a publicação filosófica mais reimpressa do último século. E agora, pela primeira vez, ele faz um relato dos argumentos e das provas que o levaram a mudar de idéia. Em certo sentido, este livro representa o resto daquela matéria.
Tive uma pequena participação na matéria da AP porque ajudei a organizar o simpósio que resultou no vídeo em que Tony Flew anunciou o que ele mais tarde, com muito bom humor,chamou de sua “conversão”. Na verdade, desde 1985, eu ajudara a organizar diversas conferências nas quais ele apresentava sua defesa do ateísmo, de modo que esta obra é, para mim pessoalmente, o fim de uma jornada iniciada duas décadas atrás.De modo curioso, a reação dos colegas ateístas de Flew à matéria da AP beirou a histeria. Um site dedicado ao ateísmo deu a um correspondente a tarefa de fazer relatos mensais sobre o afastamento de Flew da verdadeira crença. Insultos e caricaturas tornaram-se comuns na blogosfera livre-pensadora. As mesmas pessoas que reclamavam da Inquisição e da condenação de bruxas à fogueira estavam agora entregando-se a sua própria caça à heresia.
Os defensores da tolerância não eram muito tolerantes. E,aparentemente, o dogmatismo, a incivilidade, o fanatismo e a paranóia não são monopólio de zelotes religiosos.
Mas turbas enfurecidas não podem reescrever a história. E aposição de Flew na história do ateísmo transcende qualquer coisa que os ateístas de hoje têm para oferecer.
CONCLUSÃO
Mais um livro escrito por um ex-ateu, é o testemunho de alguém que saiu do seu sono dogmático. Leitura indicada, não só para os teístas, mas principalmente para os neo-ateístas, com o objetivo de confrontar as suas posições e conhecer um pouco de como funciona o raciocínio teísta.
Referências
1-
http://www.scribd.com/embeds/8741262/content?start_page=1 (link para o livro)Por Francisco Tourinho
16 respostas em “Um Ateu Garante – DEUS EXISTE”
Antony flew era deísta. O deus em que ele acreditava não era o deus dos cristãos (nem sequer de qualquer outra religião). Ele acreditava num deus que iniciou o universo e de algum modo programou o começo da vida na Terra (embora reconhecendo mais tarde que houve progresso na investigação sobre a origem natural da vida). Estas afirmações de Flew são também bastante conhecidas: "I'm quite happy to believe in an inoffensive inactive god.", "I'm thinking of a God very different from the God of the Christian and far and away from the God of Islam, because both are depicted as omnipotent Oriental despots, cosmic Saddam Husseins". Quando disse isto, Flew já não era ateu. No mesmo período rejeitava as ideias de uma vida após a morte, de Deus como a fonte do bem (ele afirmava explicitamente que Deus criou "montes de" maldade), e da ressurreição de Jesus como fato histórico, embora tenha permitido um capítulo curto com argumentação a favor da ressurreição de Cristo no seu último livro. Um deus que apenas criou o universo e deixou-se ficar quieto o resto do tempo nada tem a ver com o deus da Bíblia (ou de qualquer outro "livro sagrado" do tipo. É de notar ainda que um deísta como Antony Flew na prática é um ateu, pois não reza, não frequenta a igreja, não acredita na ressurreição nem na revelação de deus ao ser humano.
Transcrevo o meu querido amigo Samuel Quedas:
Diz-me uma notícia de jornal que andava para aqui a “anhar” há uns dias… que foi descoberto um, chamemos-lhe assim, radar, no cérebro dos primatas, que lhes serve de alarme contra serpentes.
Os criacionistas então felicíssimos com a novidade!
Os criacionistas são aquelas pessoas que acreditam que os primeiros seres humanos foram Adão e Eva, criados por esta ordem, por Deus, sendo que Adão foi criado a partir de um boneco de barro e Eva, logo de seguida, a partir de uma costeleta do Adão… o que é uma crença verdadeiramente extraordinária!
Bem… quase tão extraordinária como a crença de que tudo apareceu do nada, num instante longínquo a que se decidiu chamar “big bang”.
Voltando aos criacionistas e à sua compreensível felicidade, esta deve-se ao facto feliz de a tal fantástica descoberta vir provar, definitivamente, que o homem, ou a
mulher, não descendem, de todo, dos primatas.
Tivesse Eva este precioso “radar”… e nunca se teria deixado endrominar pelo conto do vigário (como ainda não existiam vigários, não sei se o nome do “conto” será o mais adequado) da pérfida serpente do paraíso, de uma forma tão pateta… e com os trágicos resultados que todos bem sabemos!!!
Para mim pouco interessa se ele era ateu prático ou não, já no prefácio do livro manda esse texto, claro, aprovado por Flew que tece alguns comentário sobre Dawkins tbm, já ganhou minha leitura:
"Em segundo lugar, eles parecem não perceber as idéias falsas
e os conceitos confusos que levaram à ascensão e à queda do
positivismo lógico. Aqueles que ignoram os erros da história terão
de repeti-los em algum momento. E, em terceiro lugar, eles
parecem desconhecer completamente a imensa coleção de obras
sobre filosofia analítica da religião, ou os novos e sofisticados argumentos gerados no teísmo filosófico.
Seria justo dizer que o "novo ateísmo" é nada menos que uma
regressão à filosofia positivista lógica, que foi repudiada até mesmo por seus mais ardentes proponentes. Na verdade, os "novos
ateístas", pode-se dizer, nem se elevam até o positivismo lógico. Os positivistas nunca foram ingênuos a ponto de sugerirem que Deus podia ser uma hipótese científica. Afirmavam que o conceito de Deus não tinha significação precisamente porque não era uma hipótese científica. Dawkins, por outro lado, sustenta que " a questão da presença ou ausência de uma superinteligência
criadora é inequivocamente científica". Esse é o tipo de comentário do qual dizemos que não é nem mesmo errado! No Apêndice A,
procuro mostrar que nosso atual conhecimento de racionalidade,
vida, consciência, pensamento e ser vai contra qualquer forma de
ateísmo, até mesmo o mais novo."
Logo na introdução, no primeiro parágrafo ele diz:
"Desde que minha "conversão" ao deísmo foi anunciada,sempre me pedem para falar dos fatores que me levaram a mudar de idéia. Em alguns artigos e nesta nova introdução à edição de 2005 de meu livro God and Philosophy, chamei atenção para obras recentes que são importantes para a atual discussão sobre Deus,
mas não me estendi em novos comentários sobre minhas opiniões.
E agora fui persuadido a apresentar aqui o que pode ser chamado de meu testamento final. Em resumo, como diz o título, agora ACREDITO QUE EXISTE UM DEUS!"(grifo meu)
Quem me dera Maria! Todo ateu falasse isso que está destacado, por mim, poderiam continuar sendo ateus!
Maria, só por motivos de satisfação. Seus comentários no tópico sobre hermenêutica bíblica, será publicada juntamente com a resposta. É que estou muito sem tempo nesses dias, e acho que não ficaria legal publicar seus comentários e eles passarem muito tempo sem resposta. Abraços!
«tece alguns comentário sobre Dawkins» Eu acho que por algum motivo vc deve pensar que me interessa muito as "guerras" entre o Dawkins e qualquer outra pessoa ou que o meu ateísmo se deve de alguma maneira aos argumentos do Richard Dawkins. Se assim for, está enganado. Isso pouco me importa.
«"E agora fui persuadido a apresentar aqui o que pode ser chamado de meu testamento final. Em resumo, como diz o título, agora ACREDITO QUE EXISTE UM DEUS!"» Isso em nada invalida o que eu disse e não me parece relevante mencionar isso, uma vez que todos podem ler o título na imagem.
Quem me dera que todos os crentes dissessem coisas como: "I'm quite happy to believe in an inoffensive inactive god." e "I'm thinking of a God very different from the God of the Christian and far and away from the God of Islam, because both are depicted as omnipotent Oriental despots, cosmic Saddam Husseins". Por mim podiam continuar a ser crentes.
Se vc começar a pensar assim, já será um grande avanço. Flew era deísta, ele afirmou em seu livro(nao sei se vc leu), que nunca sentiu nada sobrenatural e que chegou a deus por único e exclusivamente por meio da razão.
No entanto ele mesmo diz no Apendice B do seu livro:
"Até agora, falei sobre os dados que me levaram a aceitar a existência de uma Mente divina. As pessoas que ouvem esses argumentos quase infalivelmente me perguntam o que acho das alegações sobre uma revelação divina. Tanto em meus livros antiteológicos como nos vários debates, discordei das alegações de revelação ou intervenção divina.
Minha posição atual, porém, é mais receptiva a pelo menos algumas dessas alegações. Na verdade, acho que a religião cristã é a que mais merece ser honrada e respeitada, seja ou não verdadeira sua alegação de que é uma revelação divina. Não existe nada igual à combinação da figura carismática de Jesus e a de um notável intelectual como São Paulo. Todos os argumentos sobre o conteúdo da religião foram, praticamente, produzidos por São Pau¬lo, que tinha uma brilhante mente filosófica e sabia falar e escrever em todas as línguas mais importantes."
E ainda diz:
"Hoje, eu diria que a alegação referente à ressurreição é mais impressionante do que qualquer outra feita pela concorrência religiosa. Ainda acredito que, quando os historiadores estão procurando provas, eles precisam de muito mais recursos do que os disponíveis. Precisam de provas de um tipo diferente.
Penso que a afirmação de que Deus encarnou em Jesus Cristo é realmente singular. É muito difícil descobrir como julgá-la, quer se acredite nela, ou não. Não vejo princípios gerais que possam nos servir de guia."
Então Maria, se todo ateu pensasse assim, para mim estava realmente muito bom!
P.S. depois me passa a fonte de onde escreveu e quando ele escreveu essa frase que me mandaste porque não está batendo com os últimos pontos de vista dele abordados aki no livro não. Obrigado!
Ele tbm diz:
"Lewis foi, certamente, o mais eficiente defensor do cristianismo da segunda metade do século XX. Quando a BBC, recentemente, perguntou-me se eu refutara completamente a defesa cristã de Lewis, respondi: "Não. Eu apenas não acreditava que havia razão suficiente para acreditar nela. Mas, é claro, quando mais tarde comecei a pensar em coisas teológicas, pareceu-me que a defesa da revelação cristã é muito forte para quem acredita em revelação".
É claro que ele exalta outra figura que tbm tinha abandonado o ateísmo e se tornado cristão. Acredito que diante dessas e outras tantas revelações que ele faz em seu livro, não é difícil de imaginar que Flew cedo ou tarde se converteria ao cristianismo, ele declara tbm em seu livro que o estudo da filosofia clássica o tinha aproximado do teísmo!
A primeira citação é daqui:
– No longer atheist, Flew stands by "Presumption of Atheism" DUNCAN CRARY – Humanist Network News, Dec. 22, 2004 (disponível aqui: http://www.americanhumanist.org/hnn/archives/?id=172&article=0)
A segunda é daqui:
– Atheist Philosopher, 81, Now Believes in God, Richard N. Ostling. Associated Press, 10 December 2004. (disponível aqui: http://www.mail-archive.com/media-dakwah@yahoogroups.com/msg01064.html)
Não sou deísta nem estou minimamente convencida da existência de um deus como o dos deístas. Só que o deísmo não me incomoda e os deístas não chateiam ninguém ao contrário dos cristãos, especialmente os evangélicos e os Jeovás. Além disso não passam a vida a dizer que foi o deus deles que fez isto ou aquilo e não acreditam em mortos vivos.
"Só que o deísmo não me incomoda e os deístas não chateiam ninguém ao contrário dos cristãos, especialmente os evangélicos e os Jeovás. Além disso não passam a vida a dizer que foi o deus deles que fez isto ou aquilo e não acreditam em mortos vivos."
O irônico é que neoateus vivem em páginas cristãs chateando todo mundo com suas filosofias vãs. Se esse é seu ponto de vista, deveria ser a primeira a dar exemplo.
De qualquer forma Flew escreveu o livro bem depois da entrevista do site que me mandou, e no livro dele há a referências q já postei, cada um pense o que quiser.
«O irônico é que neoateus vivem em páginas cristãs chateando todo mundo com suas filosofias vãs. Se esse é seu ponto de vista, deveria ser a primeira a dar exemplo.» Que eu saiba o que eu tenho feito é corrigir os erros dos outros (seus, por exemplo) e não ando a chatear ninguém enchendo as caixas de comentários de Spam nem a atirar folhetos que fazem publicidade a eventos religiosos para o chão do quintal dos outros como fazem os cristãos evangélicos. Sim, eu dou o exemplo. E melhor ainda, dou-me ao trabalho de tentar ensinar alguma coisa a quem não percebe nada dos assuntos sobre os quais escrevem (você, por exemplo) e é com atitudes destas que me pagam.
«De qualquer forma Flew escreveu o livro bem depois da entrevista do site que me mandou, e no livro dele há a referências q já postei, cada um pense o que quiser.» Flew continuava a ser deísta, pelo que a primeira citação certamente contínua a corresponder ás suas ideias sobre a religião e, quanto à segunda, não me parece que tenha mudado relativamente ao deus do Islamismo. E não foi assim tanto tempo depois que o livro foi escrito.
Flew caminhava claramente para o teísmo e para o cristianismo, olha só o que ele diz no final do livro antes dos apêndices:
"A analogia é fácil de ser aplicada. A descoberta de fenômenos como as leis da natureza — a rede de comunicações da parábola — tem levado cientistas, filósofos e outros a aceitar a existência de uma Mente infinitamente inteligente. Alguns alegam ter feito contato com essa Mente. Eu não fiz… ainda. Mas quem sabe o que pode acontecer daqui para frente?
Algum dia eu talvez ouça uma Voz me perguntando: "Agora você pode me ouvir?"."
Pelo que eu saiba, deístas ignoram totalmente a possibilidade do contato com um deus.
Flew, depois de ser respondido pelo teólogo e historiador N. T. Wright sobre a ressurreição de Jesus, ele diz:
"Estou muito impressionado com a abordagem do bispo Wright, que é absolutamente nova. Ele apresenta o argumento do cristianismo como algo novo, e isso é de enorme importância, principalmente para o Reino Unido, onde a religião cristã praticamente desapareceu. É uma explicação absolutamente maravilhosa, absoluta¬mente radical e muito poderosa.
É possível que tenha havido ou que possa haver uma revelação divina? Como eu disse, não se pode limitar as possibilidades da onipotência, a não ser a de produzir o logicamente impossível. Tudo o mais está acessível à onipotência."
Assim como vc acha que é a detentora da "verdade" e se sente no dever de corrigir os outros, os religiosos tbm se sentem nesse dever, eles acham que estão com a verdade, para os cristãos, a verdade é Jesus e para o ateu é o que?
Ateus publicam livros, fazem camisas, fazem seus slogans, caminhadas de divulgação e são livres para isso, mas porque somente os religiosos são chatos?
Eu, particularmente, não me sinto incomodado com sua presença aqui no blog, pelo contrário, acredito que assim como eu aprendo com vc, vc aprende comigo, embora vc não admita a segunda parte, isso faz parte do processo de aprendizado, mas falei sobre dar o exemplo, para mostrar que todos nós queremos falar sobre aquilo que acreditamos e vc não é exceção.
Ouvir sobre ideologias que não gostamos faz parte de um Estado onde se tem liberdade de expressão, partidos políticos fazem propaganda, ateísmo faz propaganda e religiosos fazem propaganda, tem propaganda até para estilos musicais! cada um com suas artimanhas, mas duvido se alguém te obriga a ouvir ou te leva obrigado à igreja.
Não vejo motivos para se incomodar com pregação de cristianismo, é só ignorar, eu particularmente, sigo os conselhos de São Paulo: "ouça de tudo, retenha o que é bom"
Nada há de incompatível com o deísmo nas afirmações de flew, uma vez que é apenas considerada a possibilidade da interacção do homem com deus, mas não está expressa nenhuma crença de que isso aconteça ou possa acontecer. Além disso nem todos os deístas são unânimes em todos os aspectos.
«Assim como vc acha que é a detentora da "verdade" e se sente no dever de corrigir os outros, os religiosos tbm se sentem nesse dever, eles acham que estão com a verdade, para os cristãos, a verdade é Jesus e para o ateu é o que?» Eu estava a falar das vezes que o corrigi relativamente a coisas como por exemplo, genética e afins. Normalmente as pessoas pagam para frequentar a unidade curricular de genética nas universidades, mas eu esclareço as pessoas de borla.
E sim, é normal querer falar daquilo em que se acredita e até fazer propaganda, mas tudo tem limites (por exemplo: não é preciso sujar o quintal dos outros).